A ditadura da beleza
Estamos cada mais presos a tendências e padrões de beleza. Parece que ser feio é bonito e ser bonito é brega.
Há alguns anos, era cada vez mais notável o número de esqueletos em desfiles de moda. O que leva uma pessoa a ficar em um estado de desnutrição e aparentemente frágil? Como psicóloga e escritora, procuro ler e entender todos os motivos que possam explicar tal comportamento. Só não acho justo a mídia dar tanta ênfase, a ponto de influenciar pessoas que não tem nada a ver com isso. Quer dizer que para a menina ser bonita, ela tem que pesar 30 kg, mesmo medindo 1,70 cm? Não concordo.
A ditadura da beleza já foi mais justa. Antes era muito mais apreciado o sorriso, o jeito de andar, a postura. Hoje apreciamos pessoas fabricadas. Quanto mais peitos a mulher tiver, mas valorizada será. Quando mais bunda a mulher tiver, mais será cobiçada. Ninguém mais se importa com o que a pessoa gosta de fazer, se gosta de ler ou se gosta das mesmas coisas. Torna-se cada vez mais comum casar-se com um completo estranho. O bom é ter uma companhia bonita e que desperte comentários e inveja, certo? Não. Não acho certo.
Por que deveríamos nos apaixonar pelo corpo e ignorar o caráter ou a falta dele? Ninguém é cem por cento bonito e nem cem por cento feio. Da mesma forma que ninguém é cem por cento bom ou cem por cento ruim. Temos que nos adaptar as mudanças, principalmente quando vamos ficando mais velhos. Hoje, ser velho é sinônimo de depressão e falta de saúde. Vejo pessoas com 60 anos, que desejam ter 20 e por isso se submetem a cirurgias que os transformam em verdadeiros monstros de filme de terror antigo.
O conceito de beleza tem se transformado em um verdadeiro circo de horror e quem não se encaixa nisso, acaba ficando sozinho com toda a sua inteligência, intelectualidade e valores. Uma pena.