ATRAVÉS DA MADRUGADA!

 
 

O calor dos últimos dias (e noites) é quase insuportável! E há pessoas que ainda acreditam no frio e garoa intermináveis desta cidade... Viro-me na cama, de um lado a outro, e não consigo dormir. Talvez um chá me devolva o sono, quem sabe. - Prefiro um café forte!
 
Toda madrugada tem um quê de misterioso, amedrontador. Olho pela janela e me parece que o mundo adormeceu – ou morreu. Nem mesmo os sabiás laranjeiras, da árvore aqui ao lado, despertaram.
 
Meus olhos passeiam pela penumbra de pós noite e o romper da aurora ainda vai demorar. E por que eu faria questão do amanhecer do dia? É tudo tão rotineiramente cansativo... Talvez a madrugada solitária seja meu porto seguro. O sopro da vida, estagnada por algumas horas, é algo delicioso, atraente, que me faz refletir. - Dormir é morrer a cada noite?
 
Tempos atrás (que nem me lembro mais quando), eu pegava meu carro e saía na madrugada, procurando por uma padaria vinte e quatro horas, tomava um café saboroso, comia um pãozinho na chapa, admirava o movimento dos que saíram de casa para o trabalho e dos noctívagos - para quem a noite ainda não terminara.
 
Nos dias de hoje, se eu fizesse isso, seria assaltada, seqüestrada (talvez morta), na primeira esquina. Tempos terríveis esses! - Adeus, liberdade de ir e vir!
 
Contudo, posso fingir. Brincar de faz de conta. Sonhar que alço vôo sobre os edifícios, livre e leve como pluma. Uma viagem interminável até a rebentação das ondas do mar! Imaginar que sou dona de mim. Libertar meus pensamentos mais entristecidos, desanuviar minha alma!
 
Mas a vida segue (mais real do que nunca) – e eu sigo com ela! Até quando der e para o que vier!  
 




 Ótima sexta-feira a todos!