Dez notas de Dez!
Carnaval chegando e eu aqui, fantasiando ...
Imagino os vários trajes engraçados que sempre surgem. Quee tanto comprovam a criatividade desse povo extrovertido que somos nós, os brasileiros, quando se trata de satirizar toda a ala nossa mesmo, na atual condição de sul-americano, médio, nesse mundo global lesado, travestido de "dez, nota dez".
O carnaval e o Brasil são conterrâneos e não se explica o carnavaleiro sem citar o Brasilesco em toda sua carnavalidade.
É coisa que ninguém, nunca, irá tomar de nós e nem copiar tão bem. Já que entre todos os povos que não conheço, não conheço um que seja com essa peculiar característica: se fantasiar tão bem de folião!
Esse nosso molejo é tão notável, que sempre o colocamos na avenida. Até mesmo enquanto toda a ala dos nossos diretores de harmonia desfilam insistência.
Em repetir no refrão do samba enredo que estão tentando, estão tentando e no entanto, não conseguem elevar a nossa escola para o grupo especial.
Nós, apesar de fantasiarmo-nos com maestria tropical, não disfarçamos nosso espírito carnavalesco de abrasileirado, que fica evidente quando notamos, em nós mesmos, que os pierrots daqui - na maioria paraguaios - nunca reclamam se colombinas ou colombianas, desde que o negócio seja da china, ou haJA PÃO pra alimentar todo o mundo do seu próprio mundo.
Mas como sempre bem ouço dos próprios tã-tãs, que "a gente não quer só comida! A gente quer comida, diversão e arte", e como nosso carnaval, além de bem servido nesses três quesitos, é também temperado com essa popularidade de mulata passista, que a gente tanto aplaude - e come-mora .
A gente sempre espera voltar para o desfile das campeãs.
Nesse nosso país tão festa-populoso, o samba enredo escolhido é meio uma mistura do pagodinho do Zeca, que diz pra deixarem a vida levar o cada um dos outros bem pra lá de Bagdá, com o arranjo daquela, do "vem pra cá, o que é que tem, eu não tô fazendo nada, você também, que legal bater o PIB assim, gostoso, com alguém".
Enquanto isso, ouvimos à boca pequena, que toda a ala dos passistas dança miudinho, embalada perdidamente por esse mais novo flash back do momentum.
Eu, particularmente brasileiro e que não existo nunca, além de doente do pé, sempre fui de não me caracterizar e o máximo de tudo que ousei à moda samba-enredo, foi envergar a farda oficial da tradicional patota dos ritmistas.
Preferência pela batuta de editar o ritmo das cuícas e pandeiros. Isso, enquanto os "a go-goes" cadenciam o samba de uma noite só.
Mas tbm, por estar concentrado mais mesmo em fazer rebolar as rainhas da bateria e ganhar suas alegrias e endereços, por mais de mil e uma noites.
Confesso, porém, que é inevitável pra esse brasillis natus, mascarar o riso pátrio apote-ótico. Enquanto a mente infértil imagina as mais de 4 dezenas de fantasias engraçadas.
Todas elas capazes até mesmo de causar disfarce, e fazer com que cada um dos 41 ladrões babem. Enquanto por ali mesmo, desfilam ilesos, entre os confetes e serpentinas que a multidão de gente jogada fora se joga na apoteose.
É nessas horas confessas de riso raso sem razão, que até sinto vontade de despendurar a minha já empoeirada e antiga fantasia de político, o mais popular ul-traje desse e de todos os outros carnavais e tentar, quem sabe, cair nessa folia .
Afinal, é ou não é verdade que no Grêmio Recreativo Escola de Samba Brasil, todo mundo, bem no fundo do baú da felicidade, vê nisso as portas da esperança e deseja subir no palanque e ser o puxador oficial do samba-enredo da alegria, enquanto os foliões todos restantes se rendem às quartas-feiras de cinza?
Fá Gonçalves - 09/02/2012 - 12:49