O Incêndio e o Beija-Flor

“...se a natureza não se apresentar bonita, o defeito pode estar nos olhos de quem a observa...”

Em 2001, quando me mudei para o Jardim Alvorada (Paraguaçu Paulista), utilizei como depósito de areia e pedra, a parte de um terreno que futuramente será um loteamento que fica em frente a então construção de minha casa. Terminada a obra no final do ano, providenciei a limpeza do local. Pro meu gosto a visão ficou um tanto árida. Comecei então, despretensiosamente, o seu ajardinamento simultaneamente, com o espaço de dentro do meu quintal. Com o terreno limpo, começaram aparecer uns brotos de “Marolo” (espécie típica do cerrado) e mais uma arvore que não sei o nome ( também típica do cerrado), ainda uma Leucena (exótica). Fui jogando sementes de flores, pouco exigentes que crescem nos terrenos baldios. Foi virando um espaço florido. Depois uma das minhas filhas trouxe mudas de árvores de pequeno porte, próprias para a zona urbana e que podem crescer o sob a rede elétrica sem trazer nenhum prejuízo. Plantei então Ipê-Mirim, Falsa Murta, Algodão de Praia e até uma Mangueira Bourbon, que neste ano que passou (2 011) fez a alegria dos caminhantes e da criançada.

Numa tarde, que estava ajeitando terra nos pés das plantas, ia passando uma senhora com um bebê num carrinho e mexeu comigo:

-Parece que o senhor gosta muito de planta?

-Sim, respondi...

-Posso lhe fazer uma pergunta que parece impertinente?

-Sim, claro!...

-Por que o senhor planta numa área que não pertence á sua casa?

-Porque se eu plantar só no meu jardim vou morar numa casa bonita, mas eu quero mais! Quero morar num MUNDO bonito... Estou usando o “exemplo do Beija-flor”... Estou fazendo a minha parte...

-Como assim???

Então pra explicar, lhe contei um “Causo” de um Beija-Flor, que diante de um grande incêndio na floresta, apanhava no rio uma pequena gota em seu bico e jogava nas labaredas. Os demais animais, que estavam fugindo, lhe disseram que seu esforço seria em vão uma vez que a água que trazia era insuficiente para apagar um incêndio daquelas proporções. E então “ele respondeu que estava apenas fazendo a sua parte”. Que se todos fizessem o mesmo, o incêndio certamente seria debelado...

O verdadeiro trabalho de ”Beija-Flores” vai se tocando como pode. Não se faz pouco demais porque senão acaba. Não faz muito porque senão cresce. Hoje ainda vi na TV um pequeno trabalho de “Beija-Flor”. Os alunos de uma escola infantil sendo entrevistados a respeito de um projeto sobre animais domésticos abandonados. Pelo conteúdo das respostas dá pra se concluir a excelência do trabalho desenvolvido pela EDUCACÃO. Acredito que a Humanidade só fará alguma coisa de concreto no dia em que o extermínio da vida no planeta for iminente. A exemplo do que aconteceu na glaciação.(04/02/012).

Oldack Mendes
Enviado por Oldack Mendes em 08/02/2012
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