MODERNIDADES
MODERNIDADES
Cidadezinha do interior e fim de tarde. Calor insuportável.
- Oi, Zé! Senta aí. Vamos tomar uma cervejinha.
- Agora não posso Jorge. Tenho que ir para casa.
- To te estranhando. Você nunca recusou!
- Tenho que ir ver a novidade que criaram.
- Que novidade é essa?
- È um tal de “feici buqui”.
- “Feici” o quê?
- É isso mesmo. É no computador. Dá para se fazer amizades aos montes. Vou aprender como usa.
- E vai deixar essa nossa cervejinha? Deve valer a pena. Como funciona?
- Só sei que é feito um pedido de amizade e você tem que confirmar se aceita ser amigo dela ou não. É mais ou menos isso. Até mais então.
Jorge ficou encafifado com isso e notou que seu Joaquim estava com o ouvido bem interessado na conversa.
- Olha Jorge, o negócio deve ser bom mesmo.
- Acho que sim, pois rejeitou até nossa cervejinha. Eu é que não vou perder.
E tomou mais um gole.
- Me diz uma coisa seu Joaquim. O Sr. tem o tal de “feici buqui”?
- E eu lá sei o que é isso! Mas me fala Jorge: isso aí serve para eu servir um cafezinho para o cliente?
- Não.
- Serve para eu vender um pãozinho quentinho saído na hora e com manteiga?
- Não.
-Serve para cobrar minhas continhas e voltar o troco na hora e ainda bater um papinho agradável com o meu freguês?
- Acho que não!
- Então para mim não serve. Deixa pra eles.
- É seu Joaquim. As coisas tão mudando.
- Modernidades Jorge, modernidades!