A VIDA E AS ESTAÇÕES
A VIDA E AS ESTAÇÕES
Isabel C.S.Vargas
O sol aparece e levanta meu ânimo. Aquece minha alma e clareia as manhãs de minha vida, tão gélidas durante o inverno.
Gosto do sol como gosto da primavera. Tudo parece mais proporcional, sem exageros, dando a dimensão exata para as coisas. Temo os exageros. Podem causar grandes alegrias como também grandes dores. E estas são mais intensas. Não conseguimos arrancar do peito.
Posso dizer que o outono também é belo. Bom de viver, porém não tem o encanto e o desabrochar da primavera. Esta é mais esperançosa. Prenuncia coisas novas. Induz à renovação.
Já o outono nos dá um sabor meio amargo. É mais nostálgico.
É como me sinto agora, no outono de minha vida. As folhas são como meus cabelos. Não tem mais o vigor de antigamente. A sensação que tenho no outono é que coisas piores acontecerão. Não gosto do frio. Assemelha-se ao meu espírito nos piores dias, quando não consigo antever nada de bom. Tenho a sensação de perda.
O inverno e o verão, embora opostos me dão idéia de juventude. Ambos são plenos, intensos. Vejo neles os exageros da juventude. Inconseqüentes, irresponsáveis. Denotam coisas que podem ser avassaladoras, que podem explodir inesperadamente.
Ao pensar neles revivi meus anos de juventude. Povoados de sonhos, de encantamento e também de incertezas. No verão rememorei a época em que não tinha medo de desnudar o corpo e a alma.
No inverno recordei os momentos em que temerosa dos atos praticados ou na incerteza do futuro me encolhi com medo de enfrentar as agruras da vida.
Acharei um momento em que conseguirei equilibrar isto tudo dentro de mim, sem exageros e sem medo e que me permita apenas viver e ser feliz?