Eu vou ensinar como é que se faz...

Eu acho tão lindo peixinho de aquário.

Quando eu tinha uns 10 anos ganhei um do meu pai, foi pura felicidade.

Minha mãe providenciou um aquário que mais parecia uma jarra de Tang, enfiou o pobre peixe lá e ele nadou e nadou n'aquele aquário pequeno, mas o peixinho parecia feliz alí. "Nino" era pretinho com o rabo verdinho... o aquário tinha até um castelinho, ...pedrinhas coloridas, tudo muito fofo e pequeno. A gente conversava com o peixe, batia no aquário com uma delicadeza de criança de 10 anos, ele ficava assustado, mas se aproximava do vidro. Eu ficava imaginando a vida do peixe em seu mar particular, quando ele tinha um oceano pra descobrir. Ele não tinha opção, ou vivia alí ou ia esperar em um saco por mais tempo. Triste vida essa de peixinho de aquário... Ah, mas no mar ele não sobreviveria, talvez em uma lagoa. Talvez... sei lá, mas ele não podia escolher que tipo de vida podia levar...

Todos os dias eu entupia o peixe de comida, era miolo de pão, ração, até macarrão eu dava pro pobre... ele aceitava tudo!

Em um certo dia o Nino amanheceu morto. Foi ruim isso. Chorei...

Queria enterrar, fazer todo o procedimento para sepultar meu peixe; eis que minha mãe enfiou a mão no aquário, o agarrou entre os dedos e atirou o corpinho molhado pela janela. O peixe foi imediatamente engolido pelas galinhas no quintal.

- Pronto, crianças! É assim que se faz.

O Nino voou da janela e eu e minha irmã ficamos aterrorizadas. Mas por cinco minutos. Depois, não houve trauma, nem choro, nem tristeza.

Uma praticidade só.

É Mãe você devia ter me ensinado a jogar outras coisas pela janela também.

Cris Souza Pereira
Enviado por Cris Souza Pereira em 08/02/2012
Reeditado em 08/02/2012
Código do texto: T3486297