GUARAPUAVA

GUARAPUAVA

Férias de julho de 1956, convidado pelo José Antonio Carollo, colega do Arquidiocesano. Vinha de Ponta Grossa, da casa dos Petrobelli.

Bem no meio do interior paranaense, no caminho para Foz do Iguaçu. Naquele tempo, não havia uma rua asfaltada. Muita poeira. As casas, todas de madeira. Como cidade, não tinha nada de bonita.

Estávamos no começo do inverno. Muito frio. Aliás, não me esqueço do dia da chegada em Guarapuava. Era de tarde, temperatura bem baixa. Após o jantar, daqueles típicos italianos, as rodadas de chimarrão e as conversas próprias com um recém chegado. E desconhecido. Na hora de deitar, um grande susto. A mãe do Carollo arrumou a cama, eu me deitei, e senti algo quente nos meus pés. Dei um pulo, pensando em algum bicho. Não. Era costume lá, nos dias de frio, colocar uma garrafa com água quente, entre o cobertor e o lençol, para aquecer os pés!

Passamos, ali, dias muito gostosos. A chegada de gente nova na cidade era um fato inusitado. Todos vinham nos visitar e convidar para um almoço, um jantar. Como era jogador de futebol dos bons no colégio, fui até convidado para participar de uma partida do clube local. Em determinado dia, fomos para a serraria do pai do colega, num trenzinho que percorria florestas, até chegar ao local. Verdadeira mata virgem, de onde eram cortadas as árvores para retirada da madeira. Passamos dois dias ali, inclusive fomos caçar pássaros, e fiz algo que, até hoje, me arrependo. Matei alguns. Só me alivia um pouco, saber que Tom Jobim matou muitos inhambus. Ele era um grande conhecedor de pios de pássaros, e através dessa qualidade, abateu muitos, usando sua habilidade. Hoje, ele não faria isso. Encontramos diversos animais, tendo um porco selvagem nos atacado, porém, conseguimos nos desvencilhar. Éramos moços e atletas!

Esses fatos, acontecidos numa época tão distante, me trazem grandes recordações. De gente que há muito tempo não vejo, e que me faz lembrar tantas passagens maravilhosas. Verdadeiros amigos, que sinto tanto em não saber como estão, onde estão, assim como, tenho plena certeza de que, também, devem eles guardar as mesmas sensações de saudade, iguais as que hoje me invadem.

Aristeu Fatal
Enviado por Aristeu Fatal em 07/02/2012
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