De Muitos Carnavais

Festa, folia, confete e serpentina. Pois bem, como muitas pessoas dizem o ano começa quando esta folia acaba festa tradicional, que já é símbolo do país o Carnaval, já se tornou algo incorporado ao sangue da sociedade.

Começam-se as atividades do ano, é aquele recomeço fim das tão esperadas férias de verão, chega a hora de retomar as atividades. Depois do primeiro dia seja no serviço, escola, ou qualquer outra atividade profissional, duvido que alguém não tenha olhado o calendário, ou a folhinha, para procurar o próximo feriado. O Carnaval é isso é o meio termo, entre o ano pesado que há de vir, podemos até dizer que é um bônus das Férias. Em todo local, quando este feriado se aproxima existem dois tipos de pessoas, os animados, ou como prefiro chama-los os positivistas, e os chatos, os pessimistas.

- Vai ser show esse carnaval, dançar, conhecer muita gente cair na folia- dizia uma amiga.

- Carnaval? Chatice, eu quero é descanso, não isso, carnaval é uma perda de tempo, bebedeira, barulheira, quero logo a quarta feira de cinzas.

Fica-se nesse dualismo, fazer o que? Como desfrutar deste tempo livre? Por fim acabamos indo para praia. Decidi evitar o Carnaval. Aluguei uma casa na praia estava decidido naquele ano, que iria enfim aproveitar o carnaval. Após tantos anos sem aproveitar tal feriado, algumas vezes calos nos pés de tanto pular, outros evitando o barulho. Buscava então a calmaria, algo que não me estressasse, cai em uma pura ilusão. Mal saí do prédio onde moro e deparei-me com um trânsito infernal, olhava a calçada imaginando quando chegasse a praia, e no meio de um pensamento e outro via pessoas correndo olhando para os carros ali parados, sentia-me alvo de zombaria, a cidade chegava ao ponto de que uma simples caminhada superava a máquina que é automóvel. Simples cinco horas mais tarde, muitos pedágios, e ínfimos engarrafamentos, me fizeram sentir como se estivesse indo ao purgatório. Imaginei que pelo menos na casa que havia alugado um pouco de paz e conforto se instalaria.

Peguei as chaves na imobiliária, e cheguei ao respectivo endereço, a casa, se bem que aquilo não se podia chamar de casa, estava aos pedaços. Já começava pela porta que rangia maior que o de uma embreagem velha. O problema começou na instalação. A bendita porta não abria, foi necessário quebrar o vidro da janela, me senti como um ladrão assaltando uma casa, e não foi só eu que achei isso, um vizinho também, tanto que chamou a polícia. Explicar foi difícil, duas horas e meia, trancado em uma cela, até a imobiliária explicar, deu um trabalhão. Quando sai, decidi ir a praia de uma vez, observava aquele mar com imaginando um mergulho, quando tirei as coisas do porta malas a surpresa, a vinte e cinco de março inteira parecia se concentrar lá, conseguir um espaço para o guarda sol era como conquistar o prêmio Nobel, não encostar em mais ninguém era outro sacrifício. Após aquele dia turbulento, voltei à residência, e o que me aguardava para recostar-me era um sofá cama aos pedaços. Decidi desistir, evitar o carnaval é um erro, ir a praia é um maior ainda. Voltei a São Paulo e fui obrigado a pagar a estadia dos dias que não frequentei, para finalizar este cúmulo foi acrescentada a janela quebrada.

Chego a seguinte conclusão: Ir a praia no Carnaval é um erro, erro maior é ainda é ficar em casa. A solução é considerar este como mais um de muitos Carnavais.

Vinícius Bernardes
Enviado por Vinícius Bernardes em 06/02/2012
Código do texto: T3484112
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