UMA BELA FAMÍLIA



Da janela do décimo sétimo andar do apartamento, avisto a família de marrecos. Primeiro vem o que parece ser o pai, sai da água gelada do rio em busca do sol, logo atrás a mãe vem também, e seguindo os dois uma prole imensa, de marrequinhos.
Meu marido contou 53 filhotinhos, e comentou que não seriam todos filhos daquele altivo casal de  aves.
Com certeza alguns órfãos se agregaram a família, e passaram a ser como se  fossem originalmente.
A família inteira foi para o gramado a beira do rio, para tomar sol, faz cinco graus hoje, por aqui, as águas do rio estão congelando.
Me encantou a cena de união daquelas aves, e pensei, como no reino animal, tudo parece mais simples, a generosidade de agregar ocorre naturalmente. Já no reino hominal, adotar aquele que é estranho aos laços consaguíneos, causa certa apreensão em algumas pessoas.

Agora a noite o fone tocou, era meu filho, que continua na cidade de São Francisco. Mesmo sendo domingo, ele está trabalhando nas filmagens de uma campanha. Contou-me da beleza das vinículas que se estendem por toda aquela região que por si só é belíssima. No restaurante e na fazenda de um famoso Chef, onde eles estão produzindo os comerciais, tudo tem história. Ele está hospedado e filmando em Napa Valley.

Estou aqui escrevendo e olhando a paisagem da cidade do outro lado do rio, toda iluminada, o Empire State, ontem estava com luzes de cores alaranjadas. Hoje, está todo na cor azul turquesa, perguntei certa vez ao meu filho, porque essa linda construção mudava de cor, ele me disse que era para homenagear algo ou algum país.
Fiquei me lembrando da vista dos fornos da vila em que morei na infância, eram lindos, tanto que se transformaram em patrimônio histórico, não podem ser derrubados.
Os fornos eram cercados por uma vegetação exuberante, e ficavam bem a frente da casa dos meus avós.  Passear sobre os trilhos que haviam neles, lá no alto, era desafiador, para o meu espírito aventureiro desde a meninice.
As duas vistas, a da infância e a que hoje contemplo da imensa janela do apartamento, são distintas entre si, mas ambas tem em comum a beleza.

Hoje resolvemos conhecer um pouco mais da parte comum do edifício. Descemos e no térreo nos sentamos em uma sala imensa, comum aos moradores, onde uma grande lareira a gás fica acesa, e espanta o frio de cinco graus que faz lá fora, com ventos gelados que fazem a sensação ser de um ou menos um grau.
Uma mesa repleta de guloseimas estava sendo servida aos moradores, depois nos enteiramos que sempre que há jogos importantes aos domingos, esse lanche é servido, para que os condôminos possam assistir juntos ao espetáculo no grande telão que existe ali.
É noite de decisão do futebol americano, e o grande salão foi enchendo de jovens.
Nós resolvemos nos levantar das confortáveis poltronas, já que de jogo não curto nenhum. E fomos a sala de ginástica, onde por trinta minutos nos excercitamos, na intenção de queimar os doces que temos comido por aqui.
Na volta passamos pela sala e vimos que as pessoas se divertiam, enquanto assistiam ao jogo e, degustavam das delícias servidas.
Decidimos por subir, se ficássemos as calorias que com muito esforço queimamos, iriam rapidamente por água abaixo.





(Foto dos fornos da vila de minha infância)


Lenapena
Enviado por Lenapena em 06/02/2012
Reeditado em 06/02/2012
Código do texto: T3483525