Cadê a coragem?



           
            Vou dirigindo meu carro, neste domingo, para me distrair.   Estou numa estrada de terra, bem estreita e íngreme. Sei que lá em cima, perto do céu, há uma antiga fazenda de café. O dono ainda insiste em manter sua fazenda, restrita a um pequeno curral com algumas vacas leiteiras. O cafezal acabou aqui no Rio. Há muito tempo o café foi para São Paulo. Continuo na estrada, dirigir me acalma. Me acalma muito.
            Preciso ver de perto esse ambiente rural, essa inocência que ficou pra trás, que se mudou não sei pra onde.
            No meio do caminho, paro o carro.  Vejo um riacho, preciso banhar-me de esperança e se possível de coragem. O diacho é  que coragem não é pra qualquer um.
            Lavei o rosto e bebi de  uma  água pura e cristalina. Volto a dirigir. O caminho é longo, mais de dez quilômetros em estrada difícil. Mas quero me distrair. O diacho é que coragem não é pra qualquer um.
            Finalmente, chego no topo. Vista deslumbrante. Aqui onde estou ainda tem muito verde. Ainda bem, penso comigo.  O dono da fazendinha me acena, me oferece um copo de leite tirado da vaca.
            Bebo de um gole só! Converso nada com ele e retorno. O diacho é que coragem não é pra qualquer um.
            Agora meu carro vai descendo a estrada. Mentalmente, vou fazendo uma crônica. Parece que o leite da vida me inspirou. Mas acho que vou “escrevendo” bobagens, como sempre.
            No vidro da frente do carro vou lendo minhas bobagens:
            Mulher da minha vida é aquela que melhora minha circulação sanguínea
            Mulher da minha vida é aquela que ilumina o meu caminho
            Mulher da minha vida é aquela  que me dá ânimo  e  me faz mais forte
            Mulher da minha vida é aquela que sabe fazer com que eu a ame
            Mulher da minha vida é aquela que me vendo velho, fica do  meu lado, como se eu fosse uma árvore, para se sentar e descansar, sabendo que ainda posso lhe dar minha sombra refrescante que lhe embeleza  os dias.
            Na minha experiência, e só posso falar dela, mulher da minha vida sempre soube me dar o mais importante, que é a saúde física. Foi por isso que comecei  falando da circulação sanguínea, porque minha pressão, ligeiramente alta, logo se restabelece quando encontro  a mulher da minha vida, por isso sei, de verdade, quando a encontro.
            E a espiritualidade dessa mulher?  Alguém pode me perguntar.
            A espiritualidade todo nós temos, respondo.  E se ela tem a capacidade de fazer um homem feliz, está provada a sua sensibilidade para a vida e o homem com todos esses sentimentos bons já está atraindo também a mulher espiritual.
            Mas por trás de tudo isso sinto que tem que ter uma tal de coragem de vida.
            O diacho é que coragem não é pra qualquer um.
            Ah! ia me esquecendo! Mulher da minha vida sabe perdoar...