ANO NOVO

O caminhão do lixeiro passa, fazendo algazarra misturando ao seu barulho as vozes dos lixeiros.

É um dia quente de verão, último dia do ano. Chove gotas fininhas que molham o asfalto, refletindo as luzes do natal passado que ainda enfeitam as casas.

No céu como estrelas cadentes, estouram os foguetes, embora faltem algumas horas para a virada do ano.

Uma brisa começa vagarosamente a refrescar a noite e a sacudir o penduricalho que soa no ritmo da rede de onde escrevo agora.

Os passos das pessoas na rua indiferentes com a garoa, o barulho dos carros, misturando-se ao meu pensamento que divaga, inerte com o tempo, sem amarguras do passado, nem preocupação com o futuro, simplesmente balançando com o meu corpo na rede.

Tramandaí, 31/12/2000

Iliane S Iglesias
Enviado por Iliane S Iglesias em 06/02/2012
Reeditado em 19/02/2015
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