A ÁRVORE DA VIDA - 33

Estivestes aqui, por minha vida inteira, á tua sombra, de bonecas brinquei, me alfabetizei, de teu fruto comi, meu primeiro romance li, e contigo meus primeiros sonhos dividi.

Quando eu era pequenina abraçar teu tronco tentava, mas meus braços, tua volta não alcançava, á medida que crescia eu insistia, porque este abraço te dar, eu muito queria.

Lembro, quando chovia, sob teus frondosos galhos ficava, minha mãe preocupada me chamava, mas eu sabia, que estando ali contigo, nenhum perigo eu corria.

Hoje, depois de uma vida compartilhada, me dizem que terás que ser cortada, tuas raízes, envelheceram, teu peso não mais suporta, e eu impotente, vou te ver cair, sem vida bem aqui na minha frente.

E os pássaros que em ti, ano após ano, fizeram seus ninhos, quando vierem para mais uma ninhada não vão te achar, como sempre, ali parada, os esperando, acolhendo, e se sentirão, como eu me sinto agora, como quem perde alguém muito querido, impotente, sem poder fazer, absolutamente nada.

Foi tua ultima noite, vim te ver agora, bem cedinho, queria fazer só, a minha despedida, obrigada amiga, por tanto tempo, ser minha companheira, não posso ficar aqui, para ver tua queda derradeira.

Quem chegar agora dirá que é orvalho, que de teus galhos cai com abundancia, mas eu sei, como eu tu também choras, minhas próprias lágrimas que guardaste contigo, durante nossa vida inteira.

Lani (Zilani Celia)
Enviado por Lani (Zilani Celia) em 06/02/2012
Reeditado em 21/05/2015
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