Palavra ao pé de orelha aos meninos adolescentes
Ainda que eu tenha em alta consideração pelos homens maduros, nesta crônica vou me ater exclusivamente aos meninos adolescentes para oferecer-lhes minhas simples palavras, porque creio que alguns adolescentes utilizam meus blogs: ‘Clube de meninos e homens’e ’Poetha Abilio Machado’ e também a este site ‘Recanto das Letras’ como uma espécie de socorro a suas questões de relacionamento afetivo sexual e formação da identidade masculina ante a si mesmos e ao mundo.
Mas, tenho em conta que para os homens que já somam alguma idade e experiência, meus escritos têm sido úteis, nesta minha simplória colaboração ao site e em meus blogs tento trazer aspectos das questões masculinas, questões sobre a sexualidade, questões psicológicas, questões de entendimento pessoal.
Alguns já estão cansados de saber, mas para os meninos, os quase rapazes nem tanto, porque o amadurecimento do ser masculino demanda tempo, experiência, autocontrole nos desafios da vida, sobretudo em relação ao feminino e para meninos adolescentes o que é do feminino é uma incógnita, mas que a natureza impõe uma atração física e emocional. Se sentem atraídos ou não, e se vêem diante do mistério que são as mulheres.
Dúvidas, dilemas, receios pelos quais passei e acredito que muitos passaram quando ainda eram jovenzinhos, e outros estão passando.
Como quando a natureza guia o menino a outro caminho, a uma sexualidade diversa, muitos deles por equívoco de referencial mimetizam o feminino anulando-se, o masculino belo e exuberante é erradicado. Cito sempre que meu olhar e imprescindivelmente paternal aos adolescentes que freqüentam os blogs e os sites que escrevo em busca de subsídios ao seu desenvolvimento masculino, pois meus escritos são minhas próprias lembranças, que pelos anos foram registradas em cadernos e que venho, depois de minha inclusão digital, digitando-os e oferecendo a olhos que queiram sabê-los.
Imagino o mar de dúvidas e receios diante da vida que devem tomar suas mentes. As dificuldades que as mudanças no corpo trazem, como por exemplo, os músculos que se modificam e a pelagem que se prolifera; o descontrole nas ereções espontâneas quando se está de moletom ou na aula de educação física; os seios que começam a surgir no caso das meninas; as transformações hormonais; a menstruação; o descontrole seminal nas poluções noturnas ou na precocidade ejaculatória; a voz muitas vezes indefinida e que oscila entre o grave e o agudo; a vontade imensa de ficar em hibernação; o apetite farto e desproporcional; a ânsia por liberdade e autonomia agravadas pelas inúmeras e repetidas cobranças familiares e de professores sobre responsabilidades com tarefas domiciliares e escolares que causa revolta e entedia; a competição com os outros garotos.
E, se isso não bastasse, a quantas andam ter sonhos românticos e até confusos sentimentos de desejo e afeto, ora por garotas, mimadas e pedantes que não os respeitam como homens. E ora pelos amigos que menosprezam este tipo de homoafetividade, fato, aliás, que causa pânico, porque o todo à sua volta acusam este tipo de relacionamento e só o fato de nas brincadeiras e jogos lhe chamarem de ‘viado’ lhe causam susto, e não esqueçam nas meninas os apelidos dantescos e estranhos como colar velcro, sapatão, machorra.
Atração por garotas que desdenham e constrangem propositalmente diante de seus colegas, torturando a alma, preterindo-os por sujeitos mais velhos de caráter digamos duvidoso e quase sempre mais abastados financeiramente
Atração por amigos, que são lascivos, que gostam de contar suas transformações, suas aventuras, mas não são confiáveis pelo simples fato de existir esta necessidade em contar, em disseminar a todos o que fez ou faz. E neste momento o que mais se necessita é de alguém a confiar, o que pode te transformar em presa e isso soma ao medo. A princípio parece que tudo é muito ruim, e é, mas também não é, porque vem dessas experiências frustradas e que atormentam oportunidades de amadurecimento e superação dessa fase na vida do menino-homem.
Posso dizer coisas como ‘ah se deixe levar’, ‘são fases’, ‘vai ver um dia que essa é a parte boa e engraçada da vida’ que desta fase dramática da vida lhe fará bem ao desenvolvimento e fortalecimento de sua personalidade de maneira sadia, por isso o cuidado paternal em sempre procurar nas palestras e conversas dizer para se atentar ao cuidado para que algumas ações erradas não se tornem perpétuas. Poderão rir destas experiências e talvez até sentir saudades, ou não, isso cabe a cada uma de suas escolhas.
Mesmo com esta obscuridade que existe nesta fase, nas dúvidas e indecisões, nos medos que surpreendem, e a todos os adolescentes, garotos e garotas, este texto é válido, pois para o crescimento existe a necessidade de se enfrentar desafios, só assim há fortalecimento cognitivo emocional e de personalidade, o superar-se, se fazer valer em si mesmo, de aprender a ler o ambiente, as situações e os fatos; sempre tentando trazer o melhor de si na sua relação com o mesmo sexo, com o oposto, com a família, com a sociedade e principalmente consigo mesmo.
Eu espero que continuem me seguindo, e lendo este site, no acervo vocês podem encontrar bons esclarecimentos, orientações e aconselhamentos de vários colunistas para lidarem com o mundo sem estragarem suas vidas nem perderem o senso de realidade.
Aproveitem o acervo, pois ele é fragmento de estudos e da experiência de homens e mulheres que foram adolescentes também e já passaram pelas dificuldades que vocês enfrentam hoje nos seus relacionamentos com o sexo feminino, com o sexo masculino, nas dimensões da vida, nas concepções e vínculos sociais, são matérias, artigos, crônicas que falam de pedaços do dia, pedaços do homem, pedaços da vida e pedaços do ser, e, para mim e meus colegas é um prazer poder ajudá-los a cada dia a se encontrar como homem ou como mulher, como ser humano ou como cidadão...