O LAMENTO CANINO

Eu vi uma cena há poucos dias que me deixou impressionado e, ao mesmo tempo, até emocionado. Realmente não era um ser humano que estava ali deitado no asfalto de uma avenida precisando de ajuda. Tudo bem. Era apenas um simples animal, mais precisamente um cachorro, o qual parecia estar com algum problema físico, visto que estivesse ali quieto, deitado na avenida do bairro onde moro.

Pois bem, só que aquele cão que parecia impossibilitado de se locomover não estava ali sozinho naquele chão não. Ao seu lado, literalmente, como um cão de guarda, outro cachorro, por sinal bem maior, com jeito de pouco amigos, através de latidos lânguidos e intercalados, tentava e conseguia chamar a atenção dos transeuntes. Poucas pessoas, como eu, diminuiam os passos, tentando entender o motivo daqueles latidos cadenciados e suplicantes. Enquanto isso, ninugém se aproximava dos dois animais, talvez com receio ou medo.

Se nenhum pedestre tinha iniciativa para melhor averiguar aquele problema e tentar ajudar aqueles cães, agora imagina os motoristas, motoqueiros que transitavam por ali naquela hora daquele quadro copioso e inusitado. E digo mais, aproximando mais não dava para perceber nenhuma mancha de sangue ou outra sujeira qualquer que denunciasse algum acidente, atropelamento. O cachorro que estava de pé ao lado do outro, só latia, cadenciadamente, como se estivesse pedindo socorro.

Indiretamente, até que tentei ajudá-los, ligando para o zoonoses, o departamento que deveria cuidar desses animais sem dono e o que ouvi da pessoa do outro lado da linha foi uma aberração:

-Senhor, dá para confirmar se estes cachorros são de raça?

Não acreditando naquela estúpida pergunta, andes de desligar o telefone só disparei:

-Escuta aqui, rapaz, você aí para trabalhar ou fazer piada? Aí é do zoonoses ou de algum circo?

-Calma, senhor!

-Calma nada, rapaz, o que interessa saber se o animal em questão pertence a alguma raça ou não? Vocês tratam de cachorros ou os comercializam? Tenha a santa paciência!

Em seguida, desliguei o telefone e segui o meu caminho, balançando a minha cabeça negativamente e pensando: Em que mundo nós estamos?

Só fiquei chateado porque depois quando regressei pelo mesmo local não notei mais aquela cena deprimente. Talvez alguma pessoa complacente ou até mesmo o dono deles tenha passado por ali, recolhendo-os. Pois se dependesse do zoonoses!! A não ser se eles fossem de raça e de preferência das mais caras, diga-se de passagem...

JOBOSCAN

JOBOSCAN
Enviado por JOBOSCAN em 05/02/2012
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