SILÊNCIO
Quando a madrugada chega fico fascinada. É a parte do dia que mais aprecio, mais me conforta. E é o único silêncio que minha alma tolera. E só tolera porque permite que eu me ouça. Na maior parte do tempo os gritos ficam tão abafados que viram sussurros dentro de mim. E não consigo me ouvir enquanto todos falam e se expressam ao mesmo tempo.
Mas meu coração não tolera o silêncio de outros corações, as falas guardadas e escondidas, os dizeres evitados, os gritos sufocados, e até mesmo os murmúrios agasalhados. Preciso ouvir, preciso olhar, preciso ler. A ânsia que invade e deseja desistir é tão gigante quanto a vontade de não mais existir. E há quem diga que respeitar o momento dos outros é fácil.
Preciso ouvir o que precisa ser dito.
Preciso aprender a falar... sem gritos... sem sussurros.