Fins de semana e as panelas de pressão
Não sei até onde é, digamos assim, careta escrever sobre dias da semana. Mas, vai, somos todos caretas em algum momento da vida.
Sábado, dez da manhã, abro os olhos e a primeira coisa que percebo é um raio de sol mastigado pela fresta da janela, direto no meu rosto. A logística do meu quarto é grosseiramente falha, admito. Como sempre, arrependido de ter acordado, viro o rosto e tento conseguir mais algumas horas de sono, apenas para me decepcionar e acabar levantando da cama e realizando a cotidiana higiene pós-sono.
Antes de continuar essa tediosa história, volto um pouco. Sexta, dia bonito, acordo bem. Coisas pra fazer, gente pra ver, programas decentes na TV.
O que raios faz um dia entediante ser o sucessor de um dia tão bom, como a sexta – ou ainda a quinta?
Coisas da vida.
Então lá estou eu. Tomo meu café (que geralmente define meu humor pro resto do dia – atenção para a palavra "geralmente"), que está muito bom. Decido que o dia será bom – que ingenuidade minha. O dia passa devagar.
De repente, vindo da cozinha, um barulho irritante, muito familiar a qualquer um, ecoa pelas paredes da casa toda: a panela de pressão.
Vem a mim uma epifania tosca e logo toda minha animação (que vai, nem era lá grande coisa) vai embora num estalo. Como esse barulho desperta em mim uma sensação desagradável, céus. Não sei se é só comigo, mas acontece.
A partir daí, o dia passa três vezes mais devagar e tudo fica mais chato.
Vou pular o resto porque senão posso ser acusado de propagar o tédio.
Quando chega o sono, não penso duas vezes e vou dormir.
Domingo, o pior dia da semana, ainda pior que a segunda. Queria dar um "skip" em todos os domingos. Em todos os meus poucos anos de vida, nada de bom nunca aconteceu no domingo. E não tenho muitas esperanças de algum dia acontecer. Aí repito o primeiro parágrafo e parte do terceiro, exceto pelo fato de que é possível remover todas as palavras e substituir tudo por "endomingado, endomingado, endomingado".
Depois de um tempo, lá vem. A panela de pressão ataca de novo.
Pergunto para alguém "Por que a panela de pressão de novo?". A resposta é "sei lá".
Acho que a panela de pressão é um clichê das tarde ensolaradas do fim de semana, afinal. E se você leu até aqui, provavelmente você está entediado, porque esse é o texto mais chato que já escrevi em toda minha curta vida. Mas se você leu tudo, você merece ao menos um parabéns e lhe desejo pouquíssimas panelas de pressão na sua vida.