COMO UM ARCO-ÍRIS
Saí para caminhar, porque o tempo era curto para ir à academia. Em virtude disto, ao sair estava aborrecida. Este é um tempo meu, que não posso abrir mão, por uma questão básica de saúde. Já havia chovido. Decidi fazer a caminhada mesmo me arriscando a pegar chuva no caminho, que seria longo.
Ao chegar próximo à rodoviária, ao olhar para o lado deparo-me com uma visão muito bonita. Já estava anoitecendo e o sol se escondendo (se virasse para o outro lado, veria nuvens pesadas, de um cinza chumbo). Seus raios batiam exatamente no prédio do Banco do Brasil. Em face disso, sua aparência era dourada, reluzente, linda. Parecia um espelho, refletindo uma luz muito intensa. Fiquei encantada. Aquela luz me tocou, pois me dei conta que nós também podemos refletir coisas boas, que alegrem, tragam conforto, luz, solidariedade, apoio para outrem. Vai depender de nós, das escolhas que fazemos. Podemos permanecer insensíveis, fechados como uma concha, impenetráveis para um sorriso, para a ternura, para o perdão, para a compaixão, tolerância e para a generosidade.
A linha que separa tais situações ou sentimentos é tênue. Por isto, basta que as pessoas exercitem a sensibilidade, para fazer esta transmutação. Ás vezes, um sorriso, um gesto, uma palavra são suficientes para desencadear uma sucessão de coisas boas. O contrário também é verdadeiro.
Neste momento observo que ao invés de olhar à direita, eu poderia ter me detido a olhar para o outro lado, o que aparentava um aspecto negativo. O meu semblante então, poderia ser de preocupação, ao invés de expressar admiração, alegria. Refletiria a tonalidade cinza, fechada, triste que era mostrada nas nuvens.
Podemos nos espelhar na natureza e escolher o que queremos, ou devemos refletir. Somos, na realidade, espelhos uns dos outros. Muitas vezes refletimos o outro, em outras ocasiões ele nos reflete, daí a grande responsabilidade do que vamos passar.
Quando saí, estava aborrecida, pelos sentimentos que havia absorvido de outra pessoa com quem falara. Percebi que dependia de mim, dar continuidade a isto ou interromper esta cadeia de maus sentimentos.
No céu, mais uma vez, encontrei a resposta. De um lado, o sol, do outro as nuvens escuras, à minha frente, a imagem da transmutação a que me referi anteriormente. Lindo, colorido, encantador como numa história infantil, o Arco-Íris.
Parecia uma ponte a nos indicar o caminho.
É o caminho que devemos seguir. Durante o percurso buscar respostas dentro de nós, na natureza, nos pequenos grandes milagres da vida. Para isto é necessário reflexão, humildade, saber erguer os olhos para o alto, o que sem dúvida nos dará a dimensão de quanto temos que crescer, evoluir, aperfeiçoar, melhorar, se quisermos, neste nosso tempo, refletir luz e não sombras.
ISABEL C S VARGAS