A NOVELA, A PASTORA E A POPOZUDA.

De uns tempos pra cá, as minhas tardes estão livres. Daí eu adquiri o hábito de assistir novela. Não perco um capítulo do grande sucesso de Ivani Ribeiro, que mais uma vez reprisa no “Vale a pena ver de Novo”. O folhetim em questão é a saga das gêmeas Ruth e Raquel, as “Mulheres de Areia”. A trama dos anos 70 foi reescrita no comecinho dos anos 90, e é muito interessante ver o Brasil (mesmo sob a ótica ficcional) de mais de 20 anos atrás durante as minhas tardes ociosas.

O machismo é muito presente na trama, e não é velado. O homem é o provedor e é também a autoridade máxima. O modelo patriarcal bem diante dos seus olhos, tanto no núcleo dos pobres quanto dos ricos. Outra coisa corriqueira é a falta do politicamente correto. Os preconceitos e rotulações saem com uma naturalidade nada sutil. Esta semana mesmo, uma personagem falando sobre outra disse: “O marido dela é um negro. Mas é honesto!”

Porém quem rouba a cena é um tal de Tonho da Lua, personagem bem escrito e melhor interpretado pelo ator Marcos Frota. Da Lua é um rapaz com certo distúrbio mental, chamado muitas vezes de retardado e doido. Só que nos momentos de intensa agitação, onde todos estão agitados por alguma má situação, ele se porta como sendo a pessoa mais lúcida e chega ao ponto de apresentar soluções aos problemas mais distintos. Isso me lembrou Focault...

Ontem mesmo, quando deu “os reclames do plim-plim”, mudei de canal e vi uma Pastora sendo entrevistada num desses programas que focam na vida das celebridades. Ela é filha de um casal que foi barrado na Disneylândia e disse ser uma ex-cachorra. Está há 10 anos sem “dar uma” e disse que é muito feliz. Muita informação, não? Nesse mesmo dia, no mesmo programa, soube que a cantora gringa Jennifer Lopez está aprendendo português e já sabe falar “POPOZUDA”...melhor voltar pra novela, pois a alienação tem que no mínimo valer a pena. Disso eu não abro mão.

T S Oliveira
Enviado por T S Oliveira em 03/02/2012
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