Crônica de uma noite sem sexo

- Por favor, onde podemos passar uns momentos de diversão...quer dizer, um lugar com mulheres, cervejas, músicas...você compreende?

Esta pergunta demonstrava nossa intenção de quebrar a promessa feita por três cavalheiros: Carlinhos, Vini e eu.

A promessa era que iríamos ao sítio Bem Aventurança sem levar mulheres, apenas a gente, cervejas, carnes e músicas - naquela noite achávamos que não necessitaríamos de uma "cavidade úmida e acolhedora" apenas nossas companhias e histórias seriam suficientes; durante umas poucas horas foi mesmo.

Carlinhos, com seus olhos verdes contava em detalhes as felações da noite passada; Vini, lembrava do pavor que sentira na mesma noite passada (ambos passaram-na juntos... se são viados? não sei) de uma ninfomaníaca que repetia com olhos vidrados "vou te devorar", enquanto apertava seu pau, que assustado, permanecera amolecido.

A carne e as linguiças queimavam sobre a grade enferrujada da churrasqueira (acessa depois de esvaziado um litro de álcool) e as cervejas gelavam rapidamente no refrigerador.

Quando o banquete estava posto (lembro-me que convidamos a senhora que tomava conta do sítio para participar da comilança e bebedeira, mas não aceitou, devido a sua condição de religiosa comedida) ficamos mais à vontade, comi muito e rapidamente, como um "comedeiro". minhas tripas não resistiram e repentinamente tive que satisfazer algumas necessidades prosaicas inerentes aos animais.

- Pergunte ali, naquele grupo de jovens, meu distinto cavalheiro. Respondeu-me o frentista do posto de gasolina.

Dirigi-me a um casal e refiz a pergunta do início. Para minha surpresa o homem era uma "franga" com o peito depilado, rímel nos olhos e trejeitos femininos, sua voz inconfundível de "doente" (sou daqueles que acham a veadagem uma doença, e daí?).

Havia um "pancadão" próximo dali contou o casal, depois de devidamente alcoolizados, entramos no carro e partimos...

Carlinhos, olhos verdes, o mais sensível de nós três (haja vista sua tatuagem de flor de lótus nos ombros) percebeu que a "vib" não estava boa naquele lugar. Paramos o carro para deliberarmos - propomos à mulher (que acompanhava a bichinha) que saltasse do seu carro e viesse nos dar a buceta, em troca enviaríamos Carlinhos para deleite da franga. Obvio que Carlinhos não aquiesceu, afinal de contas era homem e atraía-lhe mulheres...

Antes de partimos, o gay (viciado) perguntou se algum de nós tinha pó para cheirar, disse sorrindo maliciosamente que esticaria uma carreira no pau de Carlinhos.

Mortalmente enojados, seguimos caminho atrás de mulheres, descendo a avenida em direção ao tradicional Xanadu, que tem como atrativo oferecer videocassete nas suítes para seus clientes, vimos o que nos pareceu ser um tremendo banquete: quatro ninfas andando à esmo, sei que a sorte é como uma mulher vadia, temos que corteja-la, caso contrário...quando baixávamos os vidros do veículo para oferecer carona e prazeres mil, à nossa frente um outro carro prateado teve a mesma ideia e levaram-nas de nós. Malditos. Frustrações e lamentos.

Resolvemos sacar nossos celulares:

"amor, tô num sítio e soh falta vc, leva 2 amigas, prá dois cavalheiros aqui..." (Vini)

"tamo a caminho prá te buscar delícia...leva suas primas, não tô sozinho. (Carlinhos)

"Sara, puta, sítio, meter". (Eu)

Não logramos êxito com as mensagens de celular, as desculpas foram unânimes: "fica prá próxima, são três da manhã, tava dormindo"

Voltamos sozinhos, nós três, os cavalheiros da noite sem sexo. Na encruzilhada do trem de carga que vai até Santos, baixou a cancela, esperamos, um cachorro vira-latas tem a pata decepada pelas rodilhas do vagão, não ficamos chocados com a cena, mas foi bom perceber que o cãozinho apenas se coçava junto aos trilhos.

No sítio, madrugada alta e chuva intermitente, tomamos as últimas cervejas da noite; antes de dormir nos assustamos com a senhora religiosa que ficara acordada e nos espiava pelas frestas da cozinha.

Por falta de espaço eu e Vini deitamos na mesma cama de casal - não, não o comi e nem se ofereceu à mim (somos todos homens, caralho!), Carlinhos foi para outro colchão.

Combinamos que voltaríamos, dessa vez com mulheres, prá muito sexo e cervejas...

Homem de preto
Enviado por Homem de preto em 03/02/2012
Código do texto: T3478381
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