O CANIVETE

O CANIVETE

Quando meus filhos eram crianças, isso há mais de 35 anos, eu e a Iara costumávamos, em fins de semana, fazer pequenos passeios por cidades do interior de São Paulo, distantes não muito longe da Capital.

Numa dessas ocasiões, juntamente com um casal de amigos e respectivos filhos, escolhemos Tietê, cuja distância não ultrapassa 150 quilômetros de São Paulo.

Tietê, para quem não sabe, é uma das cidades que mais caracteriza o habitante do interior do nosso estado, o caipira como se diz comumente. Uma de suas características é a pronúncia carregada do erre: “ interiorr”, “barr”...! Além disso, essa cidade, às margens do rio que lhe dá o nome, é conhecida como importante produtora de fumo em corda, muito consumido pelo caboclo paulista. Também se destaca pelo fato de seus habitantes, bem espirituosos, logo dar apelidos às pessoas, principalmente as “de fora”.

Devo dizer, outrossim, tratar-se de um povo muito acolhedor.

Abro, até, um parêntesis, para contar uma passagem acontecida numa outra visita à cidade, quando cheguei a pousar num sábado para domingo. Na noite de sábado, após o banho no hotel(?), saímos para comer uma pizza. Encontramos um lugar bem simples, mas simpático. E, pelo número de pessoas, logo vimos ser uma boa pizzaria. Estávamos eu, a Iara, os quatro filhos, e um sobrinho que sempre nos acompanhava. Em dado momento, um casal, já de certa idade, virou para nós e falou:

- Coragem, cinco filhos!

Explicamos a situação! A conversa continuou até o fim do jantar. O que aconteceu! Dez minutos depois, estávamos tomando cafezinho na residência do casal.

Hospitalidade!

Voltando ao caso de início, passeando pela cidade, após almoçarmos numa churrascaria, a fim de conhecer seu comércio, encontramos diversos armazéns com os característicos rolos de fumo, expostos na porta. Num deles, interessei-me por uma vitrine com canivetes, isqueiros, cachimbos. Principalmente, por um canivete, desses bem simples, com cabo de madrepérola. Comprei.

Todos esses anos usei o canivete nas minhas idas para a fazenda de amigos, e em outras ocasiões propícias. Há uns três anos dei pela falta do mesmo. Procura que procura e nada!

Estando com outros amigos em Foz do Iguaçu, agora nesse último final de ano, comentei o caso da perda! Não teve dúvida, um deles pouco depois vem e me dá um canivete, muito bonito, por sinal!

De volta a Santo André, guardando as coisas da viagem, pego o presente do amigo, abro uma gaveta, e vendo uma caixa de óculos em desuso, pensei, “é aí que vou guardá-lo”.

Surpresa! O canivete perdido estava lá!

Aristeu Fatal
Enviado por Aristeu Fatal em 03/02/2012
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