A Prefeita virá para o jantar, darei sopa fria?
Sábado à noite.
- Alex, a Prefeita Gilda vai vir jantar aqui na terça! – disse, a minha mãe.
- Tá, okay mãe! – respondi.
- Vamos ver se tu é inteligente, quero te ver falar com ela. - prosseguiu ela, como se quisesse provocar uma resposta.
- Aham - revidei, enquanto ainda lia um dos capítulos do Ecce Homo de Nitzsche (o que não parecia intimidar a senhora minha mãe).
Pra ela estar falando nisso, aí tem. - Por que a prefeita virá? - pensava eu. Já havia trabalhado na prefeitura e ela ficou de renovar meu contrato e não o fez. Terá ela esquecido este detalhe, se bem que as eleições estão próximas. É isso, só pode ser! Vamos ver no que vai dar.
Dois dias depois. Terça à noite.
- Oi Alex, tudo bem? Que saudade! - dizia ela e eu me pergunto - Como alguém pode sentir saudade de algo ou alguém que nunca teve ou conviveu por algum tempo? Hmm... a velha estratégia do “fazer você sentir-se importante”, lamento, mas comigo isso não funciona, minha cara. Lógico que ela veio acompanhada de alguns “companheiros”, se é que me entendem. Papo-vai. – Vamos arrumar um emprego pro Alex na prefeitura - disse ela. Papo-vem. - Vamos sim, é um garoto inteligente e blá, blá, blá, continuou. Mais um monte de blá que não colocarei aqui, pois prefiro fazer uso de um discurso que me é pertinente e autônomo. Não que ela não o faça. Blá! Enfim, lá estávamos todos ao redor da mesa, às vezes o assunto era política, então, de repente, casa, futuro, investimentos, etc. Blá. Aproveitei a ocasião para por um assunto em pauta, como qualquer bom anfitrião interessado em seu país faria.
- E a cultura? E a educação senhora Prefeita? - Entoei.
- Hmm... Ô, é, bem... que, ah... – disse e, por fim. – blá, blá, blá.