AQUI, SEMPRE TENTANDO ENTENDER...
A lei seca, que pelo que consta vigora em São Paulo desde dois mil e oito, versa que motoristas que forem flagrados com mais de DOIS DECIGRAMAS de álcool por litro de sangue serão submetidos às sanções por ela previstas.
A lei é louvável na causa, não resta dúvidas, porque há muito era necessário que se fizesse algo para conter a ingestão de álcool, o maior responsável pelas mortes no trânsito, porém, sua logística para viabilizá-la esbarra em várias questões, a fiscalização deficitária que, mesmo quando se propõe acirrada, no nosso meio não funciona bem em todos os setores da vida civil; a possibilidade da recusa do motorista quanto ao teste do bafômetro e a questão monetária em que altas multas parecem não intimidar os maiores infratores.
Aqui, tudo que depende de fiscalização é discutível e levanta as nossas orelhas e aciona os narizes!
Num primeiro momento até funciona mas depois...todo mundo relaxa, e as pessoas continuam morrendo estupidamente no asfalto ao longo das vias do país. Sempre nas vias das dúvidas. Eu tenho muitas delas.
No último dia nove nos foi anunciado pelo Congresso um projeto de lei que prevê o endurecimento da vigente lei seca no sentido de que a proposta da tolerância do álcool ao volante será ZERO, bem como ampliará o rol de possibilidades de provas materiais e testemunhais para se incriminar o motorista infrator.
Até aqui, tudo bem, louvável. Mas...é incrível:
PARALELAMENTE à notícia, uma outra discussão era acionada: a possibilidade de se LIBERAR BEBIDAS ALCÓOLICAS NOS ESTÁDIOS DOS PRÓXIMOS EVENTOS DESPORTIVOS COMO A COPA MUNDIAL DE FUTEBOL.
Gente, não dá para não se questionar uma ideia dessas, na minha opinião, INFELIZ. Uma ideia que desautoriza a lei. Já viram lei desautorizada por aqui? E desta vez pelos próprios legisladores?
Principalmente depois de hoje quando as imagens da tragédia desportiva ocorrida no futebol do Egito nos foi mostrada ao Mundo, na terrível ocorrência em que pessoas deflagaram um MASSACRE em pleno campo de futebol, o que dizer de se liberar oficialmente o álcool nos jogos desportivos?
Aí tem! E deve ter muito...interesses outros que não se alcança com a vã imaginação...exercitada numa crônica.
Ademais, aonde que desporto futebolístico combina com álcool?
ESPORTE COMBINA COM ÁLCOOL?
E quem vai fiscalizar a vida de quem bebeu nos jogos e depois voltou para casa? Se morreu no trânsito...aí tudo bem? É só porque é festa?
Não vai ter bafômetro embutido nas catacras dos estádios? Ou nesse momento ninguém está preocupado com os efeitos do álcool sobre a vida?
Muito difícil acreditar na seriedade das leis.
Pelo andar da carruagem, nossos saldos de sinistros automobilísticos na copa deverão aumentar em muito com essa medida, paradoxal, insensata e deveras retrógrada, para não dizer insana.
E das insanidades demagógicas nós já estamos bem fartos. Embriagados, melhor dizendo.
Fica a sugestão: é prudente que, além DOS AEROPORTOS, equipemos a tempo os hospitais de todo o país. "A tempo" entenda-se: bem antes da copa.
TAL MEDIDA SERIA BEM MAIS CONGRUENTE COM A LEI SECA...QUE JÁ SONHA EM FICAR BEM MOLHADINHA.
Um brinde à insensatez!