NUM CÉU AZUL

Infelizes os que - pobres deles! - se voltam unica e exclusivamente para o universo das futilidades e o oceano das hipocrisias. São criaturas sem qualquer vínculo com a sensatez, ansiosas para abraçar o sol, que anelam beber toda a água do mar, que cogitam comer as nuvens do céu, só desejam os resquícios do impossível. Não caminham, vagueiam, não voam, adejam, não sorriem, expressam apenas esgares. Quiçá por elas o mundo poderia ser feito de papel celofane embrulhando um lindo presente inverossímil, desde que o pudesse abrir para satisfazer o veneno do seu ego. O depois, por conseguinte, se transformaria num mero olhar de fantasia.

Nem sempre importa o tamanho da alma para algo valer a pena, basta apenas que o coração não seja mesquinho e se abra às veredas do coerente, aos abismos da magia, à doçura do amor que se expresse verdadeiro. É de se perceber, contudo, que um coração apaixonado, cego, quase sempre escolhe os caminhos mais inesperados para trilhar, as emoções mais urgentes para viver, as alegrias mais tênues para curtir. E tantas vezes, por essa mesma razão, pode se perder nas sombras do imprevisível. Porque o problema maior do amor é com os espinhos venenosos existentes no ego das pessoas que se apaixonam. Se eles forem extraídos pelo diálogo, o entendimento e a aceitação das falhas de parte a parte, amplas são as possibilidades do relacionamento dar certo. Caso contrário, haverá o desencontro, o mutismo, o repentino laconismo dos que não semearam as palavras adequadas ao relacionamento. E tudo então morre, os sorrisos, os olhares, os abraços, os beijos, os desejos.

Escrevemos tantos e desenfreados absurdos a respeito do amor, tantas frases sem sentido, tantas definições insensatas, bobagens julgadas importantes aos nossos próprios olhos, mas que são vazias e inúteis, não traduzem as riquezas incomensuráveis desse sublime sentimento. Melhor não é vivenciá-lo a contento, desfrutá-lo como o mais doce dos frutos humanos do que expressá-lo em frases muitas vezes incoerentes, cujo valor a acrescentar na infinitude de seu valor é simplesmente nulo? Tudo é lindo e azul quando estamos amando, sendo amados e felizes, e não seria apenas isso o suficiente para exibi-lo em nossas ações, nos atos cotidianos, na convivência ao lados dos entes queridos? Definir o amor é algo muito fácil, bem sabemos, no entanto o difícil é vivê-lo conforme o próprio sentimento se define.

Gilbamar de Oliveira Bezerra
Enviado por Gilbamar de Oliveira Bezerra em 02/02/2012
Reeditado em 02/02/2012
Código do texto: T3475437
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