NEM TUDO O QUE BRILHA É OURO

Manoel era um homem ignorante por natureza, não sabia se devido a sua criação, ou pela falta de oportunidades de desenvolver o seu lado romântico e poético da vida. Irmão mais velho de uma família de quatro irmãos e de mãe separada, sempre tivera muitas responsabilidades por toda a sua vida.

O fato é que desta ignorância nunca tivera a idéia de ser galã de novela. Tinha sempre em mente que poucas mulheres se interessariam por ele, o que não lhe incomodava, pelo menos até que estivesse bem estabilizado em sua vida. Talvez não demonstrasse romantismo por não querer mais responsabilidades em sua vida. Acreditava na tese de Exuperry, que ensina que “somos responsáveis pelo que cultivamos”.

Mas o fato é que ao contrário do que ele esperava, contava com um assédio de mulheres acima da média, e não entendia o porquê, afinal de contas não assumia o romantismo, nem fazia poesias, músicas, ou qualquer outra forma de galanteio, em troca de não assumir uma responsabilidade que não suportasse. Sentia que não poderia lhes dar o que era pedido.

Mas, certa vez, lendo um livro teve um certo esclarecimento sobre o assunto, que não foi encerrado, pois em relacionamentos tudo é possível. A história era a seguinte:

Uma mulher de vinte e oito anos, estava casada há três anos e com um filho de um ano, quando realizou o sonho de sua vida – entrar para a faculdade.

O marido era muito nervoso, não conversava com ela e estava sempre no trabalho ou preocupado com alguma conta para pagar. Quase não se falavam durante a semana. Na faculdade, ela acabou fazendo muitos amigos, e se envolvendo com um rapaz. Este rapaz parecia a ela muito humilde e simples, e viera do interior tentar a sorte grande. Após algum tempo ele foi conquistando ela, pois lhe dava o que o marido nunca dera antes, palavras de amor, poesias, conversas e compreensão mútua. A vida passou a ter cores e sabores.

Com tempo a única solução foi a separação para viver aquela nova vida que o destino lha concedera.

No começo tudo era uma maravilha, a vida com a qual sempre sonhara e que o pesado fardo do dia a dia, não a deixara aproveitar. Após algum tempo de união começara a notar que o novo par, não obstante seu eterno romantismo, era meio desleixado em relação às suas coisas, o que ocorria também em relação ao trabalho. O romântico rapaz não parava em um emprego, queria algo que lhe desse o que queria e nada mais, nada menos. Começara a notar que sempre faltava algo no lugar onde viviam e que a organização nunca era das melhores, o desleixo era uma marca constante.

Após um tempo ela percebeu que “comprara gato por lebre” e se arrependeu de ter deixado pra trás o seu marido. Entendera então que todo o perfil do marido de mal-humorado, nervoso era em função de estar sempre buscando o melhor para ela e seu filho, e que não obstante a falta de carinho – literalmente falando, o marido nunca deixava faltar nada em casa, sendo esta a forma dele demonstrar o carinho que tinha por ela e pelo filho. .

Tentou retomar o antigo relacionamento, mas já era tarde, o ex-marido já encontrara outra pessoa, com quem poderia viver o sonho de ter uma família, enão estava mais a disposição.

Moral da história: nem tudo que brilha é ouro, e pérolas finas nascem das ostras que, por sua vez, nascem do lodo.

Isaias João
Enviado por Isaias João em 01/02/2012
Código do texto: T3473717
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