E o raio caiu dezesseis vezes no mesmo lugar...
Antigamente, a probabilidade de acontecerem certos eventos era sempre a mínima possível: uma topada no mesmo dedo, o nascimento de gêmeos, a perda de um emprego, o aparecimento de fragmentos de asteróides na órbita da terra, e por aí vai.
Até algumas décadas atrás, viajávamos com vizinhos como se estes fossem nossos pais e brincávamos na rua até altas horas sem medo, pois sabíamos que as portas de nossas casas estariam escancaradas aguardando nosso retorno, enquanto nossos pais conversavam na sala assuntos regados a um café pequeno.
Houve uma época, não muito distante, em que os eventos mais improváveis realmente demoravam para acontecer. Essa época acabou. Entramos em um período da historia homossapiense em que, embalados por uma grande profusão de valores, das mais diversas naturezas (não tendo a mãe natureza muito a ver com isso), os fatos mais improváveis são os que nos acordam, invadindo nosso leito todo (não mais tão santo) dia.
Mulheres engravidam imaginariamente, não apenas de uma, mas de quatro crianças (como se forjar a gravidez de um bebê já não desse trabalho o bastante!). Amantes fritam o coração do parceiro desleal, como que querendo saborear o sentimento que levou o amado a desviar sua conduta. Vizinhos gentis têm seus olhos devorados como punição por abrigar um semelhante que dormia ao relento.
É....realmente os tempos mudaram...
Sorte a nossa que todos os dias podemos acordar, ligar o computador e saber de tudo o que está havendo nesse exato momento em nosso maravilhoso mundo. Com tantas improbabilidades acontecendo não é de se espantar que uma pessoa seja assaltada dezesseis vezes em sua terra natal, afinal, os tempos são outros.
Ou seremos nós?