Manhã chuvosa de domingo em pleno janeiro. Chuvas de verão? Sei não, estão demorando além da conta. Deveriam ser passageiras, mas há dias o tempo anda feio, nublado. Vontade de não fazer nada ou fazer tudo dentro de casa, mexer em livros, velhas e novas fotos, ouvir música e ir aproveitando o dia. E a tarde? Um cineminha pega bem, se o filme prometer ser bom, melhor ainda e regado a pipoca completa o prazer.
Costumo ler o livro e só bem depois assistir ao filme e levo sempre algumas vantagens, já que consigo perceber detalhes, além de ter a imaginação favorecida. Foram inúmeros filmes vistos depois dos livros lidos e os que me lembro: “O Nome da rosa”, “Coma”, “Comer, rezar e amar” e “Código da Vinci”. Comprei há pouco tempo o livro ”Os homens que não amavam as mulheres”, de Stieg Larsson, pela Companhia das Letras. Fui lendo, embora não o terminei. Estando passando o filme e a pedida sendo atraente lá fui eu. Fiquei me questionando se era capaz de terminar a leitura, sei que sou e já dei continuidade, embora o filme com todo o suspense apresentou o desfecho inesperado.
O início do filme não diz nada para quem não teve acesso ao livro. Todos os anos no dia do seu aniversário o homem recebia uma flor rara, emoldurada, que chegava pelo correio com selos dos mais diversos lugares. Liga, então, para seu amigo, um inspetor da polícia, que está com a mesma idade que a sua, 82 anos, e conta mais uma vez do presente com a flor rara e nenhuma pista. Isto acontece há 40 anos. Há 30 anos as flores foram examinadas pela polícia sendo objeto de análises em laboratório criminológico, impressões digitais através de peritos, bem como grafologistas consultados e nenhum resultado positivo. De forma inesperada o ancião se pôs a chorar.
O filme de suspense consegue prender a atenção do espectador. Passa-se a história na Suécia e Mikael Blomkvist é um jornalista, sócio de uma revista Millenium, que foi condenado pela justiça por difamação, sendo “obrigado” a se afastar da revista e pagar uma indenização com todas as suas economias. É convidado, após a imprensa noticiar exaustivamente a condenação, para descobrir o desaparecimento de uma jovem de dezesseis anos, ocorrido, misteriosamente, há 40 anos. Com um alto salário terá que se mudar para a ilha, em inverno rigoroso, para de posse de documentos , guardados ao longo dos anos, tentar descobrir o mistério.
No livro o autor escreve: “Na Suécia, 18% das mulheres foram ameaçadas por um homem pelo menos uma vez na vida”. O jornalista, incentivado por uma boa soma de dinheiro e ainda a promessa de ter sua honra restabelecida, provando que o empresário que desviou muito dinheiro seja punido, ele aceita o desafio de pesquisar o destino da jovem. Vejo no livro , filme e situações reais como é importante se ter um corpo para ser enterrado. Só o sumiço não caracteriza que tenha havido morte. Descobre as intrigas familiares e muito mais porque envolve poder e dinheiro, já que o mais velho do grupo tinha afastado-se da grande empresa que dirigia, deixando em seu lugar seu sobrinho. Quase todos familiares do viviam nesta ilha, distante de Estocolmo umas quatro horas. A empresa da família Vanger era não só de aço e de ferro, mas se expandiu ao longo dos muitos anos a outros setores, inclusive o têxtil.
Foi em suas buscas que o jornalista descobre o assassino, o destino da desaparecida, parte da vida de uma sua auxiliar de pesquisa, sendo que nos documentos e falas há problemas sexuais sérios como incesto e crimes horrendos.
Os psicanalistas Lapalanche e Pontalis em”Vocabulário de Psicanálise” definem o Trauma como: “Acontecimento da vida do sujeito que se define pela sua intensidade, pela incapacidade em que se encontra o sujeito de reagir a ele de forma adequada, pelo transtorno e pelos efeitos patogênicos duradouros que provoca na organização psíquica.” O que se vê neste filme são casos traumáticos, tendo como causa o uso inadequado do sexo, a ponto de serem chocantes as cenas, mas mostrando que , infelizmente, é possível de acontecer e que a arte, às vezes, imita a vida, como é mostrado pela imprensa no dia a dia. É o lado feio, perverso, psicopata de alguns que só na aparência são homens. O comportamento desumano que apresentam, manifestando frieza, sendo calculista, com total ausência de sensibilidade, culpa, possuem nas suas histórias, quase sempre, traumas ligados ao sexo e que repugnam as mentes normais.
Edméa
Enviado por Edméa em 31/01/2012
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