QUANDO ESCLARECER VALE VOTO
Um trio de edifícios cai em pleno centro do Rio de Janeiro na noite da última quarta-feira e causa a morte de várias pessoas.
Neste sábado, Thiago Fragoso e Danielle Winits, casal de atores que encena o espetáculo musical Xanadu, despencou de uma altura de aproximadamente cinco metros quando o cabo de aço que os sustentava, partiu-se. Feriram-se e causaram ferimentos, também, em alguns dos espectadores presentes ao espetáculo.
Em ambos os casos um detalhe chama a atenção: como os dois “desmoronamentos” não são de responsabilidade do estado, “entre aspas”, há um nítido interesse em dar a opinião pública o quanto antes, uma explicação sobre os fatos ocorridos.
As polícias apressam-se em ouvir envolvidos, órgãos de engenharia pública e privada a todo instante dão pareceres sobre prováveis causas para tudo o que se viu. Assim como no caso dos edifícios que se derramaram sobre o centro da cidade, a polícia quer saber também, se houve sabotagem no episódio do derramamento de artistas sobre a platéia dentro do teatro.
Que eficiência não?
Quem dera tivéssemos presenciado toda esta urgência em esclarecer e punir os culpados sobre a tragédia do bonde de Santa Teresa ou sobre o sumiço das verbas públicas que se destinavam ao trabalho de refazer as cidades da região Serrana do Rio, destruídas nos temporais de janeiro do ano passado.
Já sei: Você não lembrava mais da tragédia do bonde de Santa Teresa não é? Pois bem, aquela tragédia tem apenas cinco meses de idade e já faz parte de um passado longínquo. O poder público parece aliviar-se com tragédias novas e que fazem invariavelmente esquecer tragédias “recentemente antigas”.
Muito provavelmente, e com toda justiça, os culpados nos dois casos, tanto dos edifícios como o do teatro, irão pagar por seus erros. São irresponsáveis “privados” e, portanto, com muito menores chances de escapar dos rigores (?) da lei (??).
Falta agora torcer para que o mesmo fim seja dado as autoridades responsáveis por aquelas “tragédias esquecidas”, muito embora eu acredite que um país assim só exista no "reino-do-faz-de-conta", aquele mesmo reino onde se passou a minissérie O Brado Retumbante.
Se o sistema público de carceragem só pode manter preso o "culpado privado", que se construam carceragens privadas para abrigar "culpados públicos".