SEM CONSOLO

Sem consolo

Com um olhar distante, um rabisco, dois rabiscos... E nada. Centenas de vezes ela machucava o papel e jogava no cesto de lixo, fazia isso repetidas vezes. Ela queria muito mais que escrever, queria desabafar, contar sua historia de vida, seus sonhos inauditos... A foto sobre a mesa dava-lhe uma segurança, mas uma lamentável e sofrida lembrança. Mirela estava sem nenhuma perspectiva de vida, refutava contra o destino fugindo do mundo e das amizades desnecessárias naquele momento. Lamentava pelo tempo restrito que tivera ao lado dele porque tinha a lucidez de que o amara pouco. As lágrimas a impediam de continuar, seus escritos anelavam pela presença do amado. Com um sentimento de culpa, uma total embriaguez ela se perdia entre pensamentos angustiosos, vasculhando no seu íntimo uma maneira de se agredir, se autodestruir, fugir da realidade que a massacrava. Seu único agora alvo seria de morrer pra vida, esquecer-se da rotina vivida a dois. Não havia possibilidades de lutas, de defesa... Tudo isso poderia ser diferente, seus versos ganhariam vida se tudo não fosse perdido, se o seu grande amor não tivesse morrido.

ARTESGS
Enviado por ARTESGS em 30/01/2012
Código do texto: T3469995