Baixa Renda

Meu corpo mole, e cheio de dor

Rastejando sem pudor.

Torto encolhido, e suado

Naquele imundo corredor

Esperando pela presença

De um ausente doutor.

Já são quatro horas e nada

De ser atendido.Dormi na fila enfrentando

A madrugada congelante

Diante de um amanhecer

Que distante vinha surgindo

E naquela imensa fila estavam

Junto comigo outros amigos.

Eu pago impostos

Para viver nessa humilhação

Todo mês chega uma cota

Quase me obrigando a pagar

O IPTU de um único chão:

Que eu suei cada tijolo

Cada centavo, para ter em mãos.

Oh! Vida medíocre

Onde o dinheiro fala mais alto

A baixa renda mal tem para se alimentar,

E quando recebe ta cheio de contas para pagar;

Sem falar nos impostos que o governo

Não para de inventar.

Onde está todo esse dinheiro?

Aonde será que vai parar?

Se nos postos de saúde

A fila nunca anda, ao contrário

Só faz aumentar, e aumentar.

Dormimos no sereno

Expostos ao impetuoso frio

Que congela pouco a pouco

A alma com um vento forte e sombrio.

A esperança de ser atendido é tão grande

Que diminui diante de um breve aviso:

Pessoal por falta de médicos

Todos não poderão ser atendidos.

Só há cinquenta fichas,

Sinto muito, mas está dado o aviso.

Momento de tensão, olhos tristes

O nervo a flor da pele, ao mesmo tempo

Felizes por aqueles cinquenta que ficaram

Na espera enquanto cem ou mais, vão embora.

Essa é a lei dos hospitais públicos

Onde a baixa renda perde a vez

Mas não perde a hora.

Edu José
Enviado por Edu José em 30/01/2012
Reeditado em 03/11/2013
Código do texto: T3469680
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