ESCRITO EM 23/10/11
E o tempo vai se esgotando... se esvaindo como a água da chuva que procura pelo bueiro enlameado. Quando olho para trás vejo os tempos idos, as conquistas e derrotas, as mágoas e alegrias, as vivências e aspirações, e vejo que passou. Claro que muita coisa ficou, mas esse tempo continua e não me dá tréguas.
Quando olho para frente vejo pouco tempo. Escasso, minguado, com mais sofrimentos e angústias, mas com menos problemas novos. O tempo que resta ainda está por chover e assumo que tenho medo. Não sei o que esperar dessas águas que estão por vir, se serão garoas ou tempestades, se irão refrescar ou causar estragos.
E quando o tempo realmente acabar, por mim tudo bem, isso não me incomoda. Essa passagem das estações chega a ser um refrigério a esse corpo cansado e essa alma angustiada. Não... não venham me dizer que preciso parar de pensar no tempo que fará amanhã ou no tempo que fez ontem. É inevitável quando se chega nesse estágio, quando a primavera já se foi, o verão causticou e o outono já está consumado. As folhas estão no chão e não irei catá-las, prefiro que a chuva varra e leve com ela toda essa natureza morta. Preciso me preparar para o inverno... não quero acordar no frio como a cigarra...