CASAS DE REPOUSO
CASAS DE REPOUSO
Tenho muitos amigos que, por diversos motivos, colocaram parentes idosos em casas de repouso. As razões são muitas, e envolvem questões de difícil compreensão, mormente daqueles que não se vêem com o problema na mão. “Filhos desnaturados, não reconhecem o que seus pais fizeram. Agora, depois de tudo, são jogados num asilo”, termo esse usado com conotação bem negativa. Essas, geralmente, as palavras ouvidas, vindas de quem se encontra fora da situação.
Sem dúvida, está claro que, em muitos casos, há certa intolerância da parte dos filhos, ou dos esposos destes, em manter dentro de seus lares, os pais, sogros, ou avós. Para eles trata-se de um fardo muito pesado. Geralmente, acontece quando nunca houve bom relacionamento entre os envolvidos.
Em outros, a própria condição do lar não admite essa convivência, seja por questões de acúmulo de responsabilidades, como educação dos filhos, seja por questões financeiras. Afinal, nem todos têm condições de manter damas de companhia, enfermeiros, ou qualquer outro meio de cuidar do idoso, em tempo integral. E a internação em casas de repouso é a solução.
O grande problema são os casos de esquecimento do ente querido, deixando-o semanas, meses, até anos sem visitá-lo. Esse abandono causa sérios problemas ao idoso, provocando irrecuperáveis danos à sua saúde.
Em casa tivemos sorte nesse aspecto. Meu pai ficou viúvo por volta dos 60 anos, e até sua morte, aos 86, permaneceu em companhia da moça que já morava em casa. Teve, sempre, esse amparo, e com os filhos morando em Santo André, numa retaguarda à distância, viveu o resto de sua vida no aconchego do lar.
Do lado de minha mulher, também, graças a Deus a situação permanece contornada. Minha sogra enviuvou já com certa idade, e mesmo assim, não desejou sair de sua casa. Tendo condição de manter sua vida, independentemente das filhas, hoje, aos 97 anos, do mesmo modo vivendo perto das mesmas, com uma dama de companhia, continua sem nos dar a mínima dor de cabeça.
Mas, como todo assunto sempre tem um lado jocoso, vou contar uma historinha acontecida com dois amigos. Um deles vivia nos dizendo que sua sogra, com perto dos 100 anos, estava num asilo lá no Bairro Jardim, segundo ele ótimo. Lugar agradável, tratamento muito bom, enfim, estavam ele e sua mulher, bem satisfeitos com tudo. Inclusive a sogra.
O outro, com problema para cuidar de sua mãe, também já idosa, perguntou-lhe:
- Antonio, onde fica a casa em que está sua sogra? Queria vê-la para minha mãe!
- Fica no Bairro Jardim, só que, agora, ela (a sogra) mudou. Está na Vila Pires!
- O lugar é bom, também? Onde fica?
- No cemitério! Ela faleceu!!!