De onde menos se espera...
Os brasileiros assistiram pela tevê à competição entre Dhomini e Marcelo, dois dos concorrentes do Big Brother Brasil. Na votação popular, Marcelo é derrotado. Despediu-se, sem mágoa dos adversários, dizendo guardá-los no coração. Já fora da casa, em que estivera confinado com os demais concorrentes, disse para o apresentador que aprendera a conviver com as diferenças e a respeitar essas mesmas diferenças, sendo aclamado por sua torcida e pelos simpatizantes do seu oponente. E não se tratava de uma disputa qualquer! Era uma disputa por notoriedade, visibilidade na mídia e por meio milhão de reais. Que bela lição!
Que bela lição para todos aqueles que se apequenam pelas pequenas vitórias do dia a dia, não respeitando diferenças e tratando adversários como inimigos! Que bela lição para todos aqueles que já se valeram do mesmo espaço na tevê para uma tentativa de se sobressair a qualquer custo, fazendo aflorar a discórdia e ressentimentos!
Que bela lição para os estrategistas da mídia refletirem sobre o perfil de participantes em programas dessa netureza! É óbvio que a escolha deve contemplar temperamentos diferentes, classes sociais distintas, raças distintas, mas o requisito do senso de esportividade não poderá ser preterido, pois se trata de um jogo, e é preciso ensinar os jovens a jogar com ética e com respeito nas relação humanas.
“De onde menos se espera daí mesmo é que não sai nada”, dizia o barão de Itararé. Não! Ainda que se espere muito pouco de atrações como o “Big Brother”, a reação de um jovem – pobre, rico, classe média, culto, mediamente escolarizado, (não importa), – pode, com pequeno gesto, tornar sua presença um presente.
Como é um jogo, o Big Brother faz os telespectadores se dividirem e escolherem pelo telefone quem fica ou sai da casa. Escolheram Marcelo para sair... A torcida adversária o aplaudiu, porque o moço jogou decentemente e respeitou seus pares. A torcida presente do lado de fora da casa é uma minúscula representação de milhões de pessoas que acompnham pelo vídeo. Assim, aqueles aplausos dos adversários representam milhões de aplausos daqueles que torceram para que Marcelo perdesse.
Que bela lição para os atletas de todas as modalidades para que, com respeito permamente aos adversários, sedimentem mais união entre as torcidas e tornem os espetáculos esportivos de qualquer natureza palcos de confraternização e paz! (Verão de 2003)