Estúpido. Sou assim, apresento a minha verdadeira face, a qualquer um que olhe de encontro ao meu ser, o humano. Dentro, como todos, acredito, semelhantes, tenho opinião diversa, conforme manda o figurino, a pessoa à minha frente, avaliando, confrontando, aceitando, achando simpático, até bonito. Quem dera que fosse essa a verdade, do espelho, evidente, em dias que se acorda de bom humor. Bonito!? Poxa, exagerou. Quanto à estupidez, em todos os poros. Depois de ler, logo de manhã, de tarde, à noite, ou ver, na televisão, o motivo de mais uma desgraça, não anunciada para quem com ela compartilhou. Mas fortemente arraigada e baseada em mais uma atitude fora do racional, fora de parâmetros corretos de se conviver em sociedade.
Sociedade. Vejamos o que quer dizer essa palavra: Dicionário, por favor. Sim, aqui está. Sociedade. Parei, entrei na internet para copiar, literalmente, não sendo, portanto minhas palavras, mas, sabiamente e sabidamente, de quem, antes, estudou o idioma pátrio e idolatrado e houve por bem escrever um dicionário, para nós, os não letrados. Vejamos: Sociedade s. f. Reunião de homens, de animais, que vivem em grupos organizados; corpo social. Conjunto de membros de uma coletividade, sujeitos às mesmas leis. Cada um dos diversos estádios da evolução do gênero humano: sociedade primitiva, feudal, capitalista. União de várias pessoas que acatam um estatuto ou regulamento comum: sociedade cultural. Grêmio, associação. Parceria. O Ctrl C e o Ctrl V funcionaram, adequadamente e achei que seria o mais correto parar por aqui, para não cansar o leitor. Quanto ao s.f. não sei o que significa (ironia), talvez, substantivo e feminino? Sou leigo (ironia), quer dizer, vou procurar saber e afirmar, caso alguém pergunte. Ou faça a própria lição de casa. Estupidez e Sociedade acertadas para o leitor, meu amigo, o restante deve ser fácil explicar o porquê de todo esse início um pouco, digamos, raivoso, até. Sem precisar querer explicar o óbvio.
Vejamos, podemos voltar para a estupidez de atos. Dentro da sociedade e para a qual virão, bem ou mal, os objetos jogados ao longe de nossa atitude e tomada de decisão sobre o que fazemos e enviamos, para esses todos ao nosso redor. Cobramos os nossos serviços, pagamos as nossas prestações, enfim, para encurtar, vivemos e procuramos respeitar a vida, principalmente, alheia. A nossa, quando possível, às vezes, se não cuidarmos, corretamente, da saúde.
Atitude. Pensamento. Razão. Raciocínio. A empresa crescendo, precisando de mais espaço, e, por bem, alugamos ou compramos mais um andar em um prédio de vinte. Ocupamos já seis, porque não oito. No nono andar, acima da minha cabeça, evidente, matemática sem falha, onze. Bem, para acertar esse caso todo, por se tratar de construção civil em um espaço já devidamente firmado, confirmado, cálculos estruturais e aprovado pela prefeitura, pelo conselho regional e experimentados outros seres humanos, afirmando, através de laudo, que tudo está nos conforme. Alvará na mão, pagamento das taxas devidas e pronto. Pode vir. O aluguel é esse, fique à vontade.
Que maravilha. Tudo em ordem, a empresa funcionando a mais de dez anos – não importa essa parte, não tenho certeza -, iniciando, pequena, no primeiro andar (ou outro qualquer), ficou pequeno, segundo, depois o terceiro, não havia espaço no quarto e quinto, ocupamos o sexto e sétimo, até chegar ao novo. Ah, o nono. Aqui vai ficar o meu complemento maior. Aprendi muito na vida, na minha profissão e agora pretendo que outros, funcionários, tenham a mesma oportunidade. Melhor para mim, para a imensa família que construí, nesse espaço, independente da minha, no recesso e aconchego do meu lar.
- Presta atenção, Zé, é aqui olha só. Eu preciso de um espaço maior, completo, sem essas paredes.
- Sim doutor, estou ouvindo.
- Muito bem. Pode tirar essas paredes e não deixar nenhuma coluna. Tudo certo?
- Doutor, tem mesmo certeza?
- Tenho sim. Já ouvi e fiz vir aqui os engenheiros responsáveis. Já fizeram o mesmo trabalho no sexto andar. Ficou ótimo. Há quatro anos atrás, tudo certo.
- O senhor é que manda doutor.
Explicando que, para os amigos, que se trata de uma pequena história, no meio da vontade de explicar a estupidez. Não havia nada demais, mandar fazer. Tem o dinheiro, manda e é obedecido. E não tem nada demais, obedecer. Preciso trabalhar, o doutor está mandando, eu faço. E fez o que fez. Derrubou as paredes. Ah, um tempo somente.
Um dia antes, um engenheiro civil esteve, realmente, no local. Consultou a planta, novamente, na prefeitura e deu o local como adequado. O preço, de trezentos reais para a consulta técnica, representaria mais dois salários mínimos para uma nova planta, aprovar na prefeitura e no conselho regional e verificar o que se poderia fazer, corretamente, dentro das necessidades do próprio. O que considero estúpido, como eu. Ele olhou bem, pagou a visita, desconsiderou e no dia seguinte, de manhã, com o contratado Zé, mandou fazer. Pode derrubar. Ele fez. Duas semanas foi o prazo para entregar. Entregou sim, para ele, a morte de pessoas, cinco até agora, mais vinte e dois desaparecidos. Um anagrama? O que quero dizer é, um nome “desaparecido” para quem não quer ter, ainda e já certo, aceitar a “morte” deles todos fora os que se salvaram, no entender de milagre, graças ao divino. Esse, coitado, divino, sempre é o responsável, porque, eu explico, ele arrasta para a morte a quem não louvou os seus préstimos de milagre e salva os escolhidos, mantendo-os vivos. Não vou escrever sobre mortos. Nesse momento, estúpido como sou, não tenho nada com eles. Estou mais de quinhentos quilômetros do local e isso, particularmente, não me afeta. Mas deve afetar, muito, perdendo tudo e vinte anos de reclusão por cada uma das mortes. Fora os procedimentos jurídicos para arruinar de vez a carreira, de alguém, estúpido (como eu mesmo) que se fez passar por algo ou dizer de conhecimento que não sabe a mínima. Simplesmente, quero um salão para aulas, sem coluna para atrapalhar a visão. E a parede, fica somente essa aqui, deixando fechada a pequena cozinha que estou mandando fazer e o espaço dos banheiros. Pois é, nada ficou de pé. E ainda arrastou mais dois prédios juntos. Na desgraça, para mais mortes e decepção da humanidade. E a estupidez se fez.
Voltei ao dicionário, só para confirmar e, ao mesmo tempo, saber qual seria, certo, o motivo dessa atitude.
Ganância: s.f. Ambição de ganho; ganho, lucro. Ganho ilícito. Usura.
Arrogância: s.f. Caráter de uma pessoa estúpida. Coisa feita ou dita sem espírito, fora de propósito: proceder com estupidez. Falta de inteligência, de juízo.
Perceberam que está quase dando no mesmo, chamar de estúpido ou arrogante? São sinônimos, para certas ocasiões. E eu sou um, dizendo que a “morte” de pessoas não valem nada. Estou afirmando. Estou distante, não sou parente, não conheço, dentro de bilhões de seres vivos, com seus sonhos e, talvez, até, com as mesmas características minhas e desse ser, que ousou mandar fazer, algo inimaginável. Ser assassino, simplesmente. Foi e será assim, pela minha lei estúpida. Lembre-se bem, do que mandou fazer. Está em você, sabe de todos os detalhes, agora, depois da barbaridade que ousou participar. Prisão e perda dos bens serão poucas. Não para mim, não afetou, a não ser, na adrenalina maior em meus caminhos fisiológicos, aumentando a pressão sanguínea e querendo, através dessas letras, libertar a minha profunda e inconsequente forma de expressar o ódio por atitudes insensatas. Quanto ao s.f. eu qualifico como “sai fora” da nossa sociedade. Não estou rindo e tripudiando sobre a situação. Ainda bem que estou distante esse tantos quilômetros. Talvez, na minha insana estupidez, poderia ter uma atitude insensata. Não preciso ler no dicionário. Ser insensato. A crônica já basta por si. Animal estúpido. Porque ser humano não faz isso a outrem, de maneira nenhuma. E choro e pedidos de desculpas, pela falha, não vão trazer os parentes dos sofridos vivos de volta. Eles, diferente de mim, devem perdoar você e se afastar, para evitar a sua morte, seu estúpido. Quer abraçar outro?! Venha. Talvez consiga transmitir a você, todo o asco do mundo. Se conseguir controlar a ira. Você não vale nada. Ganancioso, Estúpido. Vou acrescentar um idiota (adj. e s.m. e s.f. Diz-se de, ou indivíduo estúpido, falta de inteligência, de bom senso.), traduzindo que essa última palavra segue junto com todos os palavrões conhecidos, masculinos e femininos, alertando para o fato de ser um adjetivo. E mais não digo.


Cilas Medi
Enviado por Cilas Medi em 27/01/2012
Código do texto: T3464829
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2012. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.