Adeus Pardais...
Aqui,no meu canto,compulsoriamente isolado do mundo,observo,através da janela da sala,o vazio deixado pelos pardais. Ele vieram contente na primavera de Setembro,inebriados pelo amor primaveril. Brincavam feito criancas na platibanda do edifício em frente. Olhavam prum lado,pro outro e passeavam em brincadeiras esvoacantes, até surgir um espaco para o ninho. Um pequeno orifício num aparelho de ar-condicionado depauperado e desligado. Surpresa geral?!!...Os dois pardais entravam e saíam por aquele minúsculo buraco,como se fora os portões da Eterna Felicidade... Ela só esperava...cabeca prá fora à espreita. Ele,altivo,trazia insetos,gravetos,amiúde,uma borboleta. Que pena que pardais não cantem,pois,talvez,esses dois entoariam um Hino ao Amor,acompanhados por uma orquestra sinfônica. De repente,um dia qualquer,alguns homens quebram tudo e retiram o ar-condicionado. Lá se foram ovos e sonhos...lá se foram os pardais...prá onde?...Do meu canto,observo o vidro fumê,o novo ar,a nova pintura,tudo pão-pão/queijo/queijo. E a Vida?...Reluto em entristecer-me,por minha condicão e pelos pássaros que se foram desta poluída avenida. resta-me o consolo de ouvir a orquestra de Mantovani tocando* Some Enchanted Evening( Encantadora Tarde). A chuva cai forte...todos os aparelhos de ar-condicionado do prédio em frente estão ligados. Adeus Pardais...