Barquinhas voadoras e friozinho na barriga

 


 

 

Tem gente que não gosta que outros se inspirem naquilo que escreveram. Não vejo mal algum, desde que não seja plágio, pura cópia. Fica até interessante cada um contar sua versão sobre o mesmo tema. A verdade é que alguns assuntos ‘pertecem’ a todos nós, são universais e quando alguém escreve sobre eles nos sentimos tocados de alguma maneira. Assim como nos emocionam, eles podem reavivar lembranças de bons momentos vividos, perdidos lá no fundo da nossa memória. Por isso retomo aqui o tema do balanço, recentemente abordado por Ana Toledo e Maria Olímpia.

 

 

Quando meus filhos eram pequenos, gostávamos de ir a Caxambu, lugar sossegado onde eles podiam correr e brincar à vontade no Parque das Águas. Eles adoravam andar no pedalinho (impulsionado por papai e mamãe) e também se divertiam nos balanços. Eram daqueles antigos, com duas cadeirinhas, uma de cada lado. Tão antigos que minha mãe contava que ela quando criança já se balançava neles. E ainda fazia uma traquinagem. Toda vez que saía dali para olhar outra coisa, puxava um dos ganchos que o prendia à armação, para que parecesse quebrado. Assim, ao voltar, o encontrava livre, pois a concorrência era grande, tanto de crianças como adultos. Meu filho gostava de ficar em pé no estradinho, empurrando o balanço pra lá e pra cá enquanto a irmã ia sentada ‘viajando’ sabe-se lá pra onde...

 

Em casa nunca tivemos balanço pendurado em árvore, mas um dia vovô nos presenteou com uma gangorra. Foi a maior festa! Mas também saía briga, ou porque todos queriam usá-la ao mesmo tempo, ou porque alguém mais forte lá do outro lado nos jogava para o alto, muito mais alto do que esperávamos e o perigo de cair se tornava iminente. Fora o impacto da volta, quando a prancha batia com força no chão. Nessas horas o que se ouvia era muita gritaria. Por sorte nunca houve acidentes graves.

 

Lembrei-me também das barquinhas dos parques de diversão. Quando conseguíamos embalá-las bem para cima, que delícia navegar lá nos ares sentindo aquele friozinho na barriga!