“A Caçada ao Saci”.
Numa época remota, contava eu com meus oito anos e era muito valente.
Bem vamos fazer um parêntese, se não fosse formiga, ou a carijó, a respeito da formiga tenho uma história triste, e da carijó, uma das galinhas poedeiras de minha mãe é outra história mais triste ainda, que um dia eu conto.
Bem vamos lá.
Estava eu preparado para aventuras, segundo minha mãe, para prender um saci, tem duas maneiras: Todas as duas são no redemoinho.
Na primeira você joga nele uma peneira o negrinho fica em sua mão.
Na segunda você pega uma palha de milho, dá três nozinhos e joga no redemoinho, o danadinho fica na tranca. Após isto é só ditar regras: dinheiro, casas, mulher bonita, carro novo, o que você quiser. Bem eu queria ficar rico, só um pouquinho. Economizando seria impossível. Para conseguir alguns centavos de minha mãe só por milagre. Quando conseguia alguma coisa, dos padrinhos, tios estas coisas, perdia para ela por empréstimo.
É que eu era e sou apaixonado por ela, então, se ela falasse empresta ficaria igual a pintinho de galinha quando vê cobra fica hipnotizado, e lá ia minha grana. Para rebentar meu peito ainda falava. –A mamãe vai ganhar bastante dinheiro e vai comprar bastante presentes para você. Eu ficava super feliz. Coitadinha até hoje não conseguiu, bem a caçada.
Como não arrumei sócio para ficar rico comigo, decidi ficar rico sozinho.
Como não consegui dar os três nozinhos na palha de milho e minha mãe não colaborou também, resolvi pela outra maneira, a da peneira
Prontinho para ficar rico e o que acontece?
Cadê o vento?
Quase duas horas depois lá vem o redemoinho, já estava me sentindo um milionário.
O malandro do saci acho que desviou, e ainda me encheu os olhos de areia, sem falar que a peneira quebrou.
Só não houve retaliação, porque expliquei que ela também seria contemplada com parte da minha riqueza, não cinqüenta por cento, mas dez por cento que já estava ótimo, pois ela não fez nada para consegui-lo.
Se você for pegar o saci, para ficar rico, sugiro que encontre outra forma, eu vivi a experiência e é o seguinte: o safado escapa sempre.
Oripê Machado.