O proxeneta da língua

Fugindo um pouco dos temas crônicos em minhas tentativas de crônicar o cotidiano, tomo o tempo dos incautos que se dispoem a ler meus dedilhados textos para falar um pouco de mim.

Como em meu perfil, sou mais leitor que escritor. Entretanto, por razões diversas, costumo colocar minhas opiniões apenas para desabafar e expulsar os vermes que me invadem a massa cinzenta, para fugir do acúmulo de informação, na tentativa de joeirar o lixo, as bobagens e os descalabros a que estamos todos submetidos nessa globalização informática e informatizada.

Minhas construções e elocubrações não são de maneira alguma uma novidade. Meus contemporâneos neanderthais, ainda que em grunhidos, rugídos e sinais já se manifestavam contra as agressões comuns aos que vivem em sociedade. Por menor que esta seja. Mesmo o relacionamento entre duas pessoas já provoca uma tentativa de submissão, tomada de poder, enfrentamento. À época dos primeiros grupos, a coisa era resolvida pela fôrça bruta.

Com o crescimento dos agrupamentos, houveram os primitivos que criar regras de comportamento e métodos de coerção, quase sempre intimidatórios aos que se desviavam dos parâmetros estabelecidos. Vide o Código de Hamurábi, na Mesopotâmia, eu acho, considerado o mais antigo código, não por acaso onde se acredita surgiram as mais antigas civilizações conhecidas na história greco-cristã ocidental.

Pois bem, como diria um dos meus ídolos, o saudoso Rubem Braga, "tempos fugit". O tempo passa rapidamente para nós, humanos, e alterações foram sempre colocadas para adaptarem-se aos novos tempos. Sem se alongar demais sôbre o Direito, as Leis, a qualidade dos legisladores, a imparcialidade e a decência dos executores, e a eterna busca do povo em encontar meios de burlar as limitações impostas, só resta àqueles que têm o poder de pensar, juntar símbolos e formar frases, a inglória sina de provocar os ouvintes com suas divagações e constatações. Como já disse antes, nada do que falo ou escrevo é novo, assim como a maldade, a corrupção, o jeitinho tão nosso, a imbecilidade humana, a iniquidade espiritual e moral do povo não o são. O que faço é repassar conceitos mais antigos que os pré-socráticos, os antigos, os medievais, chegando aos contemporâneos. São conceitos retirados de máximas e provérbios orientais em geral, são máximas do teatro satírico grego e romano, de pensadores de todas as épocas que me foi dado conhecer através da educação formal, e até informal.

Tudo isso aí em cima, por causa de alguns comentaristas que apreciam meus textos, tecem elogios e acreditam que eu seja excessivamente douto e/ou culto. Não sou nada disso, tento ser um crítico dos incorretos políticos e daqueles que pretendem assassinar o humor, a sátira, o deboche criando jargões e taxando de politicamente correto apenas aquilo que os coloca acima do bem e do mal. Iludindo a sociedade com dogmas de racismo, intolerância, silogismos e derivações semânticas, apenas para tentarem controlar os que não se calam perante suas mazelas.

Digo e repito, não sou nada disso que pensam, não sou filósofo, nem quero reformar o mundo. Quero apenas fazer uso do meu direito inalienável de pensar e exprimir meus pontos de vista.

Como nada crio, e procuro apenas transformar velhas palavras em novos conceitos, sou apenas um cafetão da língua. E como esta é um organismo vivo, nada me dá mais prazer que usá-la.

Proxeneta:- s.m. - cáften, cafetão, alcoviteiro, aquele que explora algo ou alguém, em seu próprio benefício, especialmente com propósito sexual.

Obs:- nesta idade, entendam também no sentido literal.........

neanderthal
Enviado por neanderthal em 25/01/2012
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