UMA SÓ PALAVRA

Preciso somente de uma palavra para sair navegando na magia da escrita, para conseguir sobrevoar os espaços alcançados pelo interesse dos meus olhos ávidos, para descrever sonhos ainda mais fantasiosos e extraordinários, para subir as paredes de emoção, prazer, desejo e êxtase. Vocábulo que dance nas bordas de minhas emoções, reforce o poder intrínseco de meu coração em ansiar e palpitar, abra o vislumbre de minha visão para a amplidão do vasto infinito desconhecido, descubra esquinas e curvas por onde a brisa dobra para se esconder nas brincadeiras com a natureza. Quer se encontre nos inúmeros livros adormecidos nas livrarias onde se refugiam todos os termos conhecidos, quer se ache na voz cândida das crianças brincando nos parques de diversões, nos suspiros dos apaixonados, nos clamores dos esquecidos ou nos píncaros das mais altas montanhas, há que ter uma maneira de chegar até ela para prendê-la em meus rabiscos, dourá-la de arabescos, torná-la o ponto de partida de algum texto de intrínseca importância para, ao menos, despertar o interesse intelectual de alguém.

Há tantas palavras nos dicionários tropeçando umas nas outras certamente absortas na sua inércia, abraçando-se como se desencontradas no amontoado da volumosa obra, e como elas se mostram disponíveis, claras e propícias, à minha espera, aguardando ser pesquisadas no fito de me proporcionar exatamente o que almejo. São como frutos maduros e suculentos prontos para a colheita a ser feita por mãos necessitadas, estão inseridas lá quase por acaso, com seus diversos significados, sinônimos e antônimos, preparadas para qualquer uso e finalidade. Todavia, cogito apenas uma palavra, algo que se me impõe sobremaneira específico e, confesso, não faço a menor idéia de como descobrir no caos de minhas intenções intelectuais. Qual seria se nem mesmo eu não conheço, se de modo algum se inscreveu no âmago de minha inspiração?

Decerto as letras que se uniram para formatar essa desconhecida palavra pela qual anseio ainda estão esparsas em locais distintos, ou talvez estejam diluídas em meio ao amontoado de frases espalhadas pelo universo dos inúmeros livros que andam nas mãos de leitores ávidos ou indiferentes e em estantes empoeiradas onde foram abandonados pelos insensíveis, os não fascinados por letras que se tornam verbetes. Quero a busca o mais rápido possível desses fragmentos beletristas, sinto-me igual a uma criança cujo brinquedo se meteu por entre bugigangas e se perdeu no instante lúdico do imponderável. Por onde andará, então, por conseguinte? Socorram-me crônicas elaboradas, deem-me uma mão jornais, tablóides, revistas, blogs, encontrem para mim, preciso de uma palavra, somente uma para definir o amor!

Gilbamar de Oliveira Bezerra
Enviado por Gilbamar de Oliveira Bezerra em 25/01/2012
Reeditado em 25/01/2012
Código do texto: T3461076
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