Solidão e Festa.
As chuvas que devastaram Minas, deixando para trás cenas de filmes de guerras estúpidas e odiosas, que por longo tempo ficarão nas memórias de muitos e outros jamais se esquecerão das consequências. Águas que ceifaram vidas, que levaram casas, veículos, pontes e arvores. Estranha e furiosa força da natureza que parece cobrar ações efetivas contra as terríveis agressões impostas pelo progresso desenfreado.
Minas ficou para trás e as águas manchadas de sangue e barro e toda espécie de lixo que burramente são deixados nas margens dos rios, agora encontram o Rio São Francisco, para seguirem seu destino de encontro ao mar onde quedam cansadas e gloriosas da longa jornada. Pois bem, estas águas agora passando pelo estado da Bahia, causam novas devastações com o transbordamento do Velho Chico, recriando pequenos rios ao longo da sua passagem. Eu já vivi esta cena, assistindo a fúria deste rio inundando plantações e estradas e levando barcos, pessoas e pontes.
Assim nesta desenfreada descida para o mar, eis que na região de Malhadas o rio passou vociferando forte e deixando suas margens alagadas, desabrigando famílias, alimentando campos de plantações e ao mesmo tempo criando espécie de praia numa rodovia marginal onde varias pessoas aproveitaram para fazer do local uma praia temporária com direito a bebidas e petiscos numa verdadeira festa.
A tristeza dos desabrigados, a alegria dos agricultores misturada com a alegria liberada dos banhistas no remete à máxima de que a festa e a solidão estão sempre de mãos dadas no mesmo salão, como disse Gonzaguinha em uma de suas canções. Exageradamente entende-se que o sangue derramado em Minas, se mistura ao da Bahia, para lavar, refrescar e purificar os corpos sequiosos por um banho de farta água aos sofredores da seca nordestina.
Assim é na vida amigo, muitas vezes sua tristeza é a festa de outros tantos, por mais incompreensível que possa parecer. Funciona como lei da vida e ou da sobrevivência. Então façamos de cada adversidade uma maneira de recriar a alegria e manter a serenidade sempre.
Toninho.
24/1/2012
Meu pai me dizia que durante o velório, que era realizado na própria casa do finado, podia se ver dois tipos específicos, um sentimental que fica chorando a perda e outro o vil espertalhão, que fica a remexer as gavetas e baús na procura de joias e bens do finado. Aqui também pode se ver a festa e solidão juntas de mãos dadas no mesmo salão.
Pulicação paralela com ilustração em :
http://mineirinho-passaredo.blogspot.com/