Meu caminho, minha crônica
Depois de uma longa e exaustiva manhã do cotidiano que me cerca, me vejo sorridente. O motivo pelo qual mostro minha alva arcada dentária é muito simples, partirei em direção a casa da minha namorada! Um trajeto longo, porém fácil. Fácil?!
Acordei com o pé esquerdo, como dizem os supersticiosos. Ao sair de casa, em meio ao tumulto da feira, o mesmo pé que me levantara, pisara agora em algo mole, de aspecto repugnante, algo que eu não queria que me acompanhasse nesta trajetória que eu iniciava. Após alguns minutos perdidos, calçados trocados, retomo a minha caminhada.
Da minha casa até o metrô demoro cerca de 10 minutos. Ao chegar, ainda sorridente, sem me deixar abalar pelo incidente ocorrido ainda pouco, pego o trem com sentido Tucuruvi, tudo corria linda e perfeitamente, até que, pouco antes da estação Ana Rosa, o trem para, os passageiros entreolham-se, as luzes se apagam e uma voz, rouca, ressoa por entre os vãos do vagão: - Senhores passageiros, este trem ficará parado por alguns instantes, objeto nos trilhos.
Queria chegar sorrindo na casa da Marcela, por isso, continuei firme e forte sem deixar meu sorriso esvair-se.
Apesar de que eu era o único a ir para a casa da Má, não era o único desapontado do vagão, podia ouvir os resmungos, os “que saco”, os “ai meu Deus”, etc.
Alguns minutos depois, as luzes surgiram e o trem voltou a andar, para a alegria de todos.
Fui o mais depressa que pude, fiz a baldeação e parti em direção a estação desejada. Não sei o que deu na minha cabeça que pensei: - Vou descer nas Clínicas, detalhe, ela mora no final da Consolação. E sem me importar com esse detalhe, desci onde meu cérebro propôs e assim, diante do cemitério da estação Clínicas, vi que não era bem ali que eu deveria estar, mas como “quem tem boca vai a Roma”, através de perguntas, me encontrei com a Consolação. Desci, desci, desci e cheguei no prédio que tinha na lembrança, com nome de mulher e flores na fachada. - Oi, por favor, a Marcela do 74!...silêncio...- O senhor está no prédio errado! – disse o porteiro - Olho para o prédio ao lado e vejo que havia me equivocado, novamente...“Errar é humano!”: - Ah sim, obrigado!
Já no outro prédio, repito a primeira frase, torcendo para não “ouvir o silêncio”, a porta se abre, o sorriso encabulado que trazia, criou coragem e mostrou-se! A euforia tomava conta de mim, queria pular e correr de tanta alegria, mas...Cadê o elevador, ou a escada? Vi alguns instantes se passarem e, ainda afobado, pergunto ao faxineiro onde poderia encontrar tal veículo. Embora tenha apontado para o lado certo, ele não foi de grande ajuda, pois: - Este elevador está ocupado com a mudança! Peguei o outro elevador que a moradora, alarmante, me indicara. Pronto, cheguei ao andar, melhor, cheguei ao apartamento, toco a campainha 1...2...3 vezes pausadas e nada, preocupação, meu celular toca - Onde você está Lu? Perdeu-se? - Não, estou aqui na porta! - Está nada, eu estou na porta, você pegou o elevador errado! E lá vou eu pegar outro elevador. No térreo, me deparo com quatro prédios, oito elevadores, pânico. Peguei meu celular e: - Qual seu bloco bebê?! - É o D! E finalmente fui ao encontro da Marcela.
Passei o dia comentando sobre o ocorrido e dizendo: - Esta minha vinda vai virar crônica!
Espero ter inspiração o suficiente para, em uma crônica, escrever este meu momento tenso e divertido.