intermezzohttp://youtu.be/ZBIzGgDRRGg







Intermezzo

Prezados amigos,faço,agora um intermezzo,intervalo para minhas poesias,pois,bem sabe minha alma,quão doloroso é,as vezes,escrever um poema.O sentimento ,quando me sento em frente ao teclado,outrora a branca folha de papel,alias,como dizia Quintana,’branca de medo”,pois,não sabia para onde o poema o levaria,é de uma incerteza absoluta.As vezes,idealizamos escrever sobre o amor e criamos um texto
Insólito,como foi o “gnomo do recanto”.
Mas,voltemos a minha idéia inicial,pois,muitos leitores odeiam a “fuga de idéias” e,até ,pensam que este que escreve,já deve estar carecendo de uma risperidona ou algum neuroleptico.Acho,contudo,que a crônica é como um passeio tranqüilo,pela manha,numa praça,onde ,olhamos aqui,observamos acolá e trazemos,para nós,as impressões daquele caminhar despretensioso.Não sei por que,chega-me a mente,sem pedir licença ,o grande compositor russo do grupo dos cinco ,Modest Moussorgsky .O leitor,neste momento ,pergunta;”Puxa!O que tem a ver o musico russo com o intermezzo a que você se referiu no inicio desta crônica?Pois é,amigo que me acompanha até este momento...Mussorgsky não entendia patavina de pinturas e fora convidado a vistar uma exposição de quadros.Achou um ambiente ,profundamente,instigante, e,na medida em que se deslocava de um quadro para outro,idealizou uma pequena peça musical intitulada “promenade”,ou seja,passeio que veio a fazer parte de sua grande obra “quadros de uma exposição” que finaliza com a celebre musica “o monumental portão de Kiev”.Amigo e paciente leitor,quando  disse que faria um intermezzo em meus poemas,foi por que,ouvia a abertura trágica que antevia um desfecho doloroso da grande sinfonia inacabada.Imaginei-me na figura daquele flautista que teria que executar o solo mais intrigante,e,ao mesmo tempo,belíssimo da peça,porem,teria que sofrer o que sentiu Franz Schubert com aqueles violoncelos,violas ,violinos contrabaixos de maneira soturna a lhe conduzir,sem piedade sua alma e a de quem ousasse ouvir esta sinfonia,as baixadas de uma dor sem precedente.Pensaria,eu,pobre e solitário flautista ;”Libera-me deste mister,posto que,sei,que,não resistirei,pois,tamanha é a agonia que sinto em seus primeiros acordes.
Amigo leitor,a sinfonia inacabada é aquele poema cruel,impiedoso que sufoca e mata o autor.Algumas peças,de raríssima beleza,porem,verdadeiros carrascos de seus compositores deveriam ser condenadas a jamais serem interpretadas.Imagine,meu amigo ,o fenomenal Mozart compondo seu réquiem e morrendo pouco a pouco.Quando a lacrimosa foi entoada pelo coral de anjos celestiais,sua alma envenenada por Saliere cuidava sucumbir no mais turvo umbral.
Em verdade,a musica nos embala e encanta,conduz a regiões quiméricas,mas,também,nos sacode,a semelhança de ventania a envergar o pobre galho de manacá ,arremessando suas florezinhas para bem longe.
Termino esta crônica,intitulada intermezzo,ou ,quem sabe,prelúdio,solicitando aos que me lerem;”Se querem permanecer na inocência dos que pensam que suas almas não choram ou sofrem,por favor,não façam o gesto inconseqüente,de ouvir a sinfonia inacabada,pois,jamais,serão os mesmos!
Estarão,pois,condenados a sentir a sede das mais belas notas musicais que revelam que sua alma é cósmica,porem,em sua natureza inacabada
os convida a prosseguir por este estranho,maravilhoso ,doloroso caminho que é a...........VIDA!