O FIM DA ESCOLA

Quinhentos anos de História não foi suficiente para o Brasil saudar seu maior débito social com o seu povo: o débito educacional. Os filhos dos trabalhadores ao longo deste período vêem amargando sucessivas derrotas, posto que, são eles, em sua esmagadora maioria, os primeiros à engrossarem as fileiras dos reprovados, dos excluídos do atual sistema educacional burguês brasileiro; a elite governante nacional e, tempo algum se preocupou em planejar ou efetivar de forma eficaz um plano educacional que priorizasse os interesses das classes trabalhadoras brasileira; ao longo da nossa História, essa elite só teve olhos para os filhos oriundos da nossa burguesia____ um exemplo que muito bem ilustra a presente afirmativa, é o fato dos nossos governantes instituírem duas modalidades de formação educacional: o profissionalizante, voltado para os pobres e filhos dos trabalhadores e, a formação acadêmica, os cursos universitários, (direcionados para os ricos). Essa dicotomia pode muito bem ser expressa ou traduzida como sendo a separação entre o fazer (trabalho manual) e o saber (trabalho intelectual).

Inconcebível, inadmissível, é constatarmos que em pleno século XXI, o Brasil ainda conviver com os elevadíssimos índices de evasão, reprovação e, conseqüentemente, com o analfabetismo; na atualidade, cerca de 15% da nossa população é absolutamente analfabeta, cá entre nós no nordeste, esse índice alcança 17% dos nossos patrícios; isso sem mencionar que aproximadamente, 72% do nosso universo populacional brasileiro é analfabeto funcional, ou seja, reconhecer o código fonético, mas, não sabem interpretar os significados___ não entendem o que leem ! Em função desses dados, fica fácil compreender por que os nossos políticos casam e batizam e muito pouco ou nada muda no nosso país. O fracasso do sistema educacional brasileiro, é a tradução máxima do descaso, da omissão e do descomprometimento das nossas elites governantes. Os governos se sucedem e em nada altera os números em relação aos índices educacionais. Inúmeras são as lições que se pode tirar do atual sistema educacional, uma delas indica na direção de que algo ou o todo deste ideário burguês de fazer política educacional no nosso país está errado; segundo, necessitamos, o mais rápido possível, de um outro paradigma do fazer pedagógico, uma prática que esteja amplamente comprometida com as dinâmicas sociais e que na essência contemple a totalidade dos indivíduos.

A escola burguesa, permeada de vícios, anomalias e montada segundo a lógica do capital e os consequentes interesses capitalistas, já apresenta sinais visíveis de exaustão, as escolas de hoje são, na sua maioria, espaços marcados pelo desinteresse dos alunos e professores, violência generalizada, apáticas e atípicas para um contexto tecnológico em franco desenvolvimento. A escola burguesa não mais cabe nesse mundo cada vez mais globalizado e altamente competitivo; as forças que no passado, e hoje no presente, alavancaram o atual perfil da escolarização burguesa, terão que se adaptarem às atuais demandas do mercado do saber, o que implica dizer que, ao capital de hoje cabe desenvolver espaços e estratégias que contemple um novo modelo escolar cada vez mais apurado e antenado às novas tecnologias universalizantes.

A nova escola, a escola que preconizamos está assentada em novas pilastras, está voltada em sua totalidade às estradas digitais, à engenharia da ciência da computação; a informática parece nos apontar no horizonte à curto prazo, a melhor alternativa no sentido de desenvolver mecanismos e estratégias que contemplem o universo das ciências educacionais. Essas estratégicas cibernéticas devem, necessariamente, abranger, abarcar os conteúdos programáticos e didáticos, como também, promover os meios e veículos de veiculação desses mesmos conteúdos. As novas demandas de homens e mulheres inseridos num contexto mercadológico cada vez mais complexo, exige, obrigatoriamente, um sistema de informação e de transmissão de conteúdos___ formais ou não____, multi-eficaz. O fim da escola burguesa é uma exigência, uma imposição histórica, uma contingência inadiável. A massa falida de homens e mulheres dispensadas, excluídas dos atuais sistemas educativos formais idealizado pela burguesia nacional, serve tão somente para ilustrar o tamanho da negligência, da incompetência, da omissão dos nossos governantes para com as classes trabalhadoras do nosso país.

Em tempos modernos, como é o que vivemos na atualidade, é perfeitamente concebível a ideia de que haja um sistema operacional capaz de catalogar, juntar, arregimentar todo o conhecimento historicamente acumulado pela humanidade; igualmente, os conteúdos de natureza cientifica e ou didáticos, operacionalizados em suas respectivas áreas de interesse e, intermediadas pelos meios tecnológicos atualmente disponíveis, serão o aparato pelos quais fluíram os conhecimentos à humanidade, uma distribuição indiscriminada, abrangente e, universalmente aceita. Em tempos de economia globalizada, imperioso é a humanidade lançar mão de um modelo educacional multi-abrangente, sem fronteiras, sem preconceitos, ai sim, poderíamos inserir as demandas e interesses dos trabalhadores.

Se pensar mecanismos educacionais cuja função é abranger a totalidade de homens e mulheres sedentos e carentes de conhecimento for uma atitude utópica, assumo: sou utópico...! Sou utópico mas, não sou omisso.

DIMAS CASSIMIRO: professor-pesquisador,pedagogo,pós-graduado,mestrando em educação,escritor,cronista, poeta e militante do PCdoB-Timon-Ma / adoxacassimiro@hormail.com 88664407/ Portal,AZ

Dimas Cassimiro
Enviado por Dimas Cassimiro em 24/01/2012
Reeditado em 12/09/2013
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