A IGREJA DA VILA
O primeiro e-mail que abri hoje, continha mais que jóias preciosas para mim. Trazia fotos que meu primo Márcio, gentilmente me enviou, não são simples fotos, mas tesouros, relíquias da vila encantada em que passamos nossa infância, e hoje já nem existe mais no formato que tinha naquela época.
Mas, algumas coisas restaram, os novos donos daquela reserva florestal, daquela que foi um dia uma enorme fábrica de papel e celulose, preservaram, até por conter dados históricos ou pitorescos.
A Igreja de Nossa Senhora do Rosário, é uma delas, e a foto ilustra um pouco o paraíso em que vivíamos.
Me emocionei até as lágrimas ao ver essa singela capela, incrustada no meio da mata.
Nela meus avós se casaram, também foi o altar que assistiu a união de meus pais, tios, alguns primos.
Foi lá que, nos braços de meus avós fui batizada e crismada. Eu e, quase todos os meus primos.
Também foi naquele altar que a missa de sétimo dia, em memória de minha mãe, foi celebrada.
Eu tinha então 11 anos, mas lembro-me muito bem, da igreja repleta de gente, todos contritos, e chorosos, pois minha mãe, era figura querida demais, em nossa pequena vila.
Ao redor dessa linda igreja, havia um pátio onde eram realizadas as quermesses de outubro, quando se comemorava o dia da Padroeira, e as festas juninas. Ah, não dá pra traduzir a beleza simples, que havia nesses festejos.
Barracas de jogos de argola, do coelhinho que tinha que entrar em uma das casinhas numeradas pra dar o prêmio ao apostador.
E o prêmio era muito almejado, sempre eram quitudes, ofertados pelas exímias cozinheiras da vila.
As procissões que eu, gostava muito de acompanhar, sempre segurando uma vela dentre as mãos, acabavam todas no pátio dessa linda igreja do Rosário.
Eu adorava adentrar a capela, o silêncio o recolhimento, o cheiro de velas e lamparinas a queimar, a imagem de Nossa Senhora no centro do altar, com aquele olhar compassivo, bondoso, de Mãe dadivosa, me agasalhavam o coração desde criança.
Creio que no fundo de m'alma, sabia que ia precisar muito do colo protetor dessa boa Mãe de todos. Já que ficaria sem o colo da mãe muito amada que me gerou.
Faz muito tempo que, não se pode mais transitar por nossa querida vila, ela foi incampada por uma indústria.
Tenho uma saudade que vem de dentro da alma, de tudo que diz respeito aquele diminuto vilarejo perdido no meio de imensa mata, e ver as fotos hoje, me emocionou demais.
Especialmente a da Capela do Rosário.....
(foto da autora)