A VIDA PASSA E POUCO OBSERVAMOS O CÉU


Nem me lembro, mas parece que foi ontem ou hoje. Agora sei, não há tempo nem espaço quando fluem afeto e amor na mente e no coração de um pai. Sei disso, pois pedia ao tempo que lhe desse menos tempo para eles não crescerem, senão logo se mudariam para outro lugar e o tempo me respondeu, tudo na vida tem seu tempo.

Entrementes, agradeci a Deus as bênçãos aos meus filhos, sempre amigos e brincalhões comigo, luzindo seus sorrisos que pareciam dois colares de pérolas idênticos ao rosto da lua no quarto minguante.
Nossas brincadeiras ocorriam no quintal de nossa antiga casa ao cair da noite. Ficávamos apreciando ao cabo, o céu, as estrelas e alguns planetas com suas harmonias em sua parte, que é sempre harmonia de um todo, pois o todo está na parte e a parte está no todo que é Deus.
Mas o tempo passou e o mundo mudou, os meninos cresceram, as brincadeiras se foram, os caminhos da alegria infantil acabaram, encontraram o amor e logo abraçaram seus sonhos e seguiram suas vidas com responsabilidade ao laço matrimonial. Então se mudaram e ficou apenas algumas recordações na antiga casa, uma delas o retrato da pequena família.
Hoje, o tempo é curto porque somos escravos do trabalho e dificilmente no dia a dia observamos o céu em seu esplendor. Quando o fitamos parece outro mundo diferente, sem violência e com repletas harmonias de astros e estrelas brincando como irmãos. Como dizia o poeta Carlos Drummond de Andrade: “Vivemos num mundo onde todos têm pressa em se despir”.
É notório que os pais por um período vão ficando órfãos dos próprios filhos e, às vezes, nos perguntamos se fomos capazes de ir mais de uma vez, em seu leito verificar se eles estavam dormindo ou preocupados com alguns problemas.
 Talvez sim ou talvez não, mas essa reflexão não tem mais valor nenhum. O que importa daqui para frente é que qualquer hora eles podem nos dar netos, é tudo isso que os pais precisam, para poder não subir, mas descer com orgulho mais um degrau de felicidade.