JANELAS

Estava outro dia conversando com um graduando em arquitetura sobre um modelo de janela que ele deveria escolher para ser colocada em um projeto, quando me veio a idéia de escrever. Não sobre janelas de aço ou madeira, de vidros canelados ou jateados, mas sobre as janelas que trazemos em nós.

E não, não estou fazendo alusão ao filme brasileiro com base em Saramago. Apenas resolvi filosofar um pouco em cima desse objeto, importante nas construções, afinal, não vivemos construindo compartimentos dentro de nós?

A função primordial da janela é fazer um intercâmbio entre o ambiente interno com o externo. Ela permite que vejamos o que ocorre do lado de fora e, quando permitimos, podemos abri-la para que entre ar. Sim, temos janelas dentro de nós. E essas não precisam ser bonitas, sofisticadas, mas precisam ser práticas. Se focamos em seu propósito percebemos que apenas aprecisamos de amplitude para que o ar externo possa entrar e circular.

Quantas vezes não ficamos fechados em nós mesmos, enclausurados um nosso quarto, e não damos brecha nem para que um raio de sol ou de luar possa penetrar? Precisamos de momentos a sós? Sim, precisamos. Mas não precisamos estar sozinhos para que isso ocorra, Como pensar e concluir qualquer coisa que estejamos sentindo, sem ar para respirar? Não todos os dias, mas venho aprendendo a abrir minhas janelas e a respirar ares novos, vindos pela vida, enchendo minha alma de renovação. E então deixo esse ar circular, percorrer todo meu ser, penetrar em cada canto, sem medo de qualquer estrago. Já aconteceu da janela emperrar, várias vezes. Em algumas ela abre mas o vento, ao invés de entrar e fazer morada, faz com que a janela se feche sozinha, infelizmente. Mas me sinto mais arejada ultimamente. Tenho conhecido ares amenos, que refrigeram e me dão novo ânimo e alguns furacões, que arrebatam, machucam, mas me colocam no chão novamente. E tem sido muito bom toda essa mexida aqui dentro.

Mas se a janela permite tudo isso, e a porta? Ah... essa exige um novo texto...

Leca Castro
Enviado por Leca Castro em 22/01/2012
Código do texto: T3455292
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