PARA QUE SERVE A MÚSICA?

As pessoas que me conhecem pessoalmente sabem que amo música. Me aventurei a aprender piano e trompete e a saber rudimentos de teoria musical. Também sou muito curioso e isso me levou a querer conhecer vários tipos de música, estilos musicais, períodos como o barroco e o romantismo. Isso me habilita, creio eu, a dar alguns "palpitezinhos".

Mas, caro leitor, para que serve a música? Vá pensando enquanto eu falo algumas considerações.

Um dos livros mais conhecidos nos interiores do Brasil para quem vai aprender teoria musical é a do maestro Paschoal Bona. Trata-se de um livro muito antigo, do século XIX, mas que cumpre suas funções de iniciar estudantes na música até hoje. Lá, no principio do livro, há a definição de música: "música é a arte de manifestar os diversos afetos da alma mediante o som". Além disso, há a clássica divisão da estrutura interna de qualquer música em melodia, harmonia e ritmo. Ora, usando um pouquinho de lógica, se a música é a arte de manifestar os diversos afetos da alma mediante o som e a música se divide em melodia, harmonia e ritmo concluímos que a música serve para manifestarmos os diversos afetos da alma através da melodia, da harmonia e do ritmo.

Já pensaram para que serve a música? Ainda não? Ok. Continuo com minhas digressões.

Há outra definição de música que diz se tratar esta de um conjunto de sons e silêncios no tempo. Pensando-se desta maneira até o martelar nervoso de um pedreiro é uma música, já que se trata de um conjunto de sons e silêncios. Acredito não ser uma boa definição. Os modernos que me perdoem mas, relativismo em música, não dá certo. Há que se ter certa logicidade na eficiente construção de melodias de harmonias e de ritmos. Entretanto, o que notamos ultimamente, é que esta definição de música está predominando. Músicas completamente destituídas de melodia, apenas com harmonia e ritmo. Algumas nem de harmonia, apenas de ritmo.

O que acontece é temos cada vez mais músicas feitas para um determinado fim. E particularmente no caso do Brasil as músicas são feitas para dançar e fazerem-se coreografias.

Prezado leitor, já respondeu à pergunta?

Respondo então: a música foi feita para ser ouvida! Nada mais óbvio, não? Já deitou e ficou “curtindo” uma música? Já tentou separar os instrumentos enquanto escuta uma música? Já percebeu as diferentes matizes dos sons dos instrumentos utilizados?

Pasmem, quando perguntei para adolescentes para que servia a música todos, eu digo todos, me falaram que a música servia para cantar e dançar, mas nenhum me disse que a música servia para ouvir!

Estamos treinando nossos jovens para movimentar braços, pernas, quadril, mas não o cérebro! Não estou falando sobre letras de música. Um erro comum é considerar música boa a música que tem letra. Letra é uma coisa, melodia é outra. Outro fato comum no Brasil é não se ouvir música instrumental (na verdade, como estamos concluindo, não se ouve música no Brasil). Música instrumental treina o cérebro também! E talvez seja muito melhor para treinar do que uma música que tenha letra, por mais bem elaborada que esta última seja.

A maior prova de que as músicas hoje são feitas apenas para dançar é a seguinte. Tente este teste. Deite-se e coloque um funk carioca ou outra música de qualidade duvidosa (e todos sabem quais são!) e tente ficar apenas ouvindo-a, sem dançar, sem cantar, apenas apreciando... (credo-em-cruz, ave-maria!) Se você conseguir fazer isso, parabéns, não sei o que dizer de você! Mas se não conseguir, ufa, para você há salvação.