A MENINA E OS SONHOS
Quando eu era menina, morando em uma vila do tamanho de um ovo, vivia feliz e despreocupada.
Creio que até os meus seis ou sete anos, achava que o mundo fosse somente aquele vilarejo simplório e escondido de tudo.
Sempre fui uma criança cheia de imaginação, eu diria que até demais, não foi sem merecimento que muitas vezes senti o peso das chineladas de minha avó Carmela.
Ah, reconheço que a paciência dela era imensa, pra aturar minhas peraltices.
Mas, voltando ao meu mundo pequeno, por mais que eu divagasse, enquanto voava solta no ar, na balança que meu avô Totó, havia feito no quintal de sua casa, eu jamais poderia imaginar que um dia fosse ter oportunidade de conhecer tanta coisa por esse mundo afora.
Me lembro de travar verdadeiros diálogos com seres imaginários, enquanto me embalava naquela balança tão gostosa.
Imaginava que tinha asas e que voava de encontro as nuvens, e por vezes de olhos fechados, balançando muito alto, pensava que tocava uma delas, abria os olhos e, decepcionada via que somente alcançara as folhas dos galhos do abacateiro, onde a balança estava presa.
Hoje acordei pensando que sábado próximo, já despertarei em Nova Yorque, com certeza vou trocar o calor pela neve.
Muito bom, já que gosto muito do frio.
Trocar de paisagem, me faz muito bem a alma. Eu, sinto que preciso disso.
Dizem que é do signo de sagitário, gostar tanto de viajar, se é ou não, nada posso afirmar.
Vibro sempre com a possibilidade de viajar, mudar a rotina por outra rotina. Já que no fundo tudo vira rotina.
Mas, a mudança me faz muito bem, faz meu espírito voar, como se voltasse a ter sete anos, sentada naquela balança do abacateiro.
Quando criança, nunca pensei que veria outros continentes, nem outros povos, com hábitos diferentes.
Hoje olho pra trás e vejo que muitos dos sonhos sonhados foram realizados, enquanto que alguns não foram possíveis. Porém, outros que nem havia condição de sequer sonhá-los, foram acontecendo.
Aquela garota simples que andava pisando na terra macia, correndo debaixo da chuva, não poderia sonhar, que seus pés fossem pisar em solos tão distante.
A antiga menina, nunca esquece de se curvar com humildade, para agradecer ao Senhor da Vida, por tantas coisas boas que Ele tem colocado no caminho dela.
(Foto da autora)