As Coisas

Talvez não sejamos capazes de entender as coisas que nos rodeiam, talvez exista uma complexidade suprema que nos impossibilita de observar tudo de maneira simples. Pois bem, qual seria a simplicidade da vida num mundo tão conturbado e atribulado, de pessoas com atitudes tão variadas, onde amizade muitas vezes não passa de uma moeda de troca, e o dinheiro se caracteriza como o verdadeiro amigo das pessoas anacrônicas de coração.

Possivelmente a natural ordem universal seja invertida na grande maioria dos menores de alma, pois tudo não passa de corações amontoados de cinzas e rancores, utilizando estes predicados como pilares para construir suas relações humanas e desta maneira expressar toda as suas possibilidade de convivência social.

Contudo para a minoria das grandes almas o cotidiano se revela de maneira grandiosa e colorida demonstrando todas as possibilidades de sentimentos que constroem a amizade verdadeira, a amizade pessoa - pessoa, não aquela amizade tão divulgada pelos grandes veículos de massa no qual a maior e melhor amizade é aquela constituída entre pessoa – coisa.

Realmente não podemos realizar todos os quadros imaginários, às vezes o almejado para alguns não passa de uma pífia passagem transcendente para as almas completas. Às vezes as palavras podem tomar as dimensões de juizes e quando utilizadas com precisão cirúrgica pode salvar um coração que se encontra em desespero, coração este que pode se encontrar naquele momento no qual finalmente e compreendido que as coisas podem mudar de figura e dono, e desta maneira perceber que todas as suas batalhas se esvaíram de maneira tão fugaz como a brisa do fim da tarde, a qual nunca foi observada em boa companhia por estes minguados seres materialistas.

Neste momento as verdadeiras amizades devem se perpetuar e prosperar para demonstrar para todos os corações vis a inferioridade das relações baseada no material e, portanto mutável, não que as amizades não possam mudar, pois tudo neste plano esta sujeito a mudanças, porém as mudanças que ocorrem entre as amizades sempre são passiveis de atitudes necessárias para remediar toda a tristeza que a solidão do rompimento pode causar.

Nenhum grande amigo sonha em deixar um verdadeiro companheiro sozinho numa praia deserta, a amizade constitui um vinculo maior do que um vinculo moral, podemos entender que os vínculos criados pelas amizades são baseados na concepção do livre arbítrio, onde podemos até deixar para trás algo ou alguém especial, porém por sermos seres com bases morais sólidas e nestas aprendemos que as pessoas não devem ser tratadas como coisas, pois entendemos que nem todos os enlatados podem ditar nossas atitudes e guiar nossa moral.

Assim devemos cultuar os seres pensantes que nunca se influenciam por intermediários, que tentam incorporar as nossas concepções a vulgaridade expressa diariamente nos nossos dias. Devemos amar a pulcritude da amizade pura e eterna, mesmo que esta eternidade seja expressa em anos, minutos ou mesmo segundos aos quais estaremos juntos, compartilhando as alegrias e tristezas, conquistas e derrotas.

Diego Lapetina
Enviado por Diego Lapetina em 13/01/2007
Reeditado em 21/06/2009
Código do texto: T345396
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