OITENTA ANOS DE VITORIAS

Crônica

Uma mulher lutadora, que nunca se deixou abater, que sempre fez a gente crescer acreditando que um dia as coisas iriam mudar, e assim crescemos escutando as historias e participações especiais do meu pai, algumas até engraçadas, outras de fazer chorar.

E foi nas muitas lutas da vida que minha mãe enfrentou sozinha quando meu pai a abandonou. Foi quando ela se viu ” entre a cruz e espada”..(.termo usado por ela) ,fugindo da solidão e das lagrimas que a faziam sofrer, sem emprego, sem nada poder fazer...ela sofreu as dores da separação; perda de um filho, e mais outro e mais outra...nada é permanente, mas Deus deu a ela um conforto, um merecido conforto quando se sofre pela ausência de alguém.

Uma mulher de garra , vestida da couraça da justiça,...seu valor? sempre excede o de finas jóias. Nas madrugadas guardava o pão dos filhinhos ,protegia a palhoça da chuva forte e o pouco que sabia fazia sempre algo inventava para vender, pois pensava em vencer...ou melhor dizendo sobreviver. Guardava lembranças no coração e sofrendo ainda da saudade dos filhos e do marido vivia de eterna recordação.

Ainda hoje conversa com a gente com sabedoria, mesmo sem ter formação tem a bravura de uma águia e dá-nos lições e ânimos quando queremos desistir. Nos ensina a caminhar de cabeça erguida mesmo que as dificuldades nos faça parar, respeita nossas decisões e quer que aprendamos a acertar.

Oitenta anos de lutas, de garra e de entrega total, mulher de vitória que nunca se deixou abater, que sempre levantou a cabeça e continuou a jornada, e é nessa indecifrável estrada que permanecemos a cavalgar. Até hoje ela conserva seu grande humor, vive em paz, com amor, desfrutando dos frutos , seus cincos filhos que o Senhor a ela deixou.